quarta-feira, 17 de outubro de 2012

As nossas dores domésticas




O conforto de quatro paredes nem sempre traduz verdades, e nem sempre o que 
atravessa as paredes é real.  A solidão nos lares mundo afora não é conversada, não é nem citada; é simplesmente sentida pelos cantos e muitas vezes camuflada com sorrisos angustiantes.
Olhe ao seu redor e observe como se comportam as pessoas felizes ou infelizes que você conhece. Será que elas não se comportam de forma parecida? Algumas de formas mais polidas, outras mais despachadas, mas o sorriso plástico está estampado em todas elas.
Os olhos sorriem também, mas quando os lábios determinam o final de uma palavra gentil ou de um sorriso corriqueiro ali nos olhos as dores e as tristezas se cumpliciam às suas, ou não.
É quase imperceptível, é socialmente disfarçada ou mentirosamente escondida toda e qualquer insatisfação de um casal, de um relacionamento que acaba levando para o mundo só um verniz; aparência, pois é isso que o mundo aí fora pede.
Então a felicidade não existe? Não da forma que nos fazem acreditar desde pequenas. A felicidade é feita de pequenos momentos; o resto é pura rotina e realidade maçante e para sobreviver  a essa rotina estressante há que ter compensações nesses breves momentos felizes. São pouquissimas as pessoas que conseguem ser inteiramente felizes se mantendo acima das mazelas do dia a dia, até porque é preciso aprender a conviver consigo mesma para depois entender e aceitar o outro.
Finalmente temos o hábito de colocar a culpa das nossas insatisfações no outro, ou nos outros, sendo que esses só fazem conosco o que permitimos. Ora se aprendemos a conviver de bem conosco, aceitando nossas imperfeições e limitações o que está fora de nós não nos incomoda.
Partindo desse princípio fica um pouquinho mais fácil entender as pessoas e suas mágoas domésticas, sua solidão acompanhada, suas dores intermináveis e a dificuldade de duas pessoas estando sob o mesmo teto conviverem amigavelmente consigo mesmas e com o outro, que as vezes, é tão diferente, sendo que cada um tem em si um rosário de dúvidas e dores para manipular, macerar até conseguir mitigar.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A morte




A morte tem andado ao meu redor, não me ameaçando, mas bem perto de mim e hoje mais uma vez ela conseguiu me deixar pensativa.
Não sei exatamente qual sentimento ela me transmite; talvez medo, talvez tristeza. Não o medo de morrer, medo do que encontrar depois dela, medo pelos que ficam; talvez a dor da separação, da saudade.
A morte é uma forma de libertação. Por que então ela tem o poder de mexer tanto com os que ficam? Será por conta das imagens que ela proporciona? Seria falsa a idéia de libertação?
Por que a morte torna-se tão envolvente, tão desesperadamente inesquecível?
Talvez pela finitude que ela determina.
Ela vai me pegar um dia da mesma forma que vai se impor ao meu lado com as pessoas que amo e eu sei que vou odiá-la, sem que lhe mude a intenção.
A senhora do nosso tempo vai encontrar-me inexoravelmente e nesse dia não vou poder me manifestar para contar como ela é e nem porque me escolheu. Talvez eu a pressinta, contudo não há acordos possíveis para essa ocasião.
De tanto ela me rodear não consigo me livrar dessa sensação fúnebre, nem de deixar de temer que ela ache a minha casa da próxima vez.

sábado, 14 de julho de 2012

Até quando?




O que está faltando para as pessoas se indignarem mais? Que tipo de escândalo mais será preciso para que a sociedade desperte? O que está faltando para que a gente vire esse jogo a nosso favor?
Não temos educação; nem de berço nem acadêmica, faltam profissionais, falta salário para despertar no estudante a vontade  de optar pela carreira de educador. Aos pais falta motivação e tempo para cuidar e educar seus filhos já que têm que trabalhar muito para sobreviver. 
E os professores? Esses antigamente respeitados hoje ganham mal, não são respeitados nem pelos alunos nem pela própria instituição e estão estressados pega carga horária puxada e por lidararem com alunos cada vez mais sem educação de berço e limites de comportamento. 
Não temos hospitais aparelhados para um atendimento minimamente digno, nem remédios para tratar nos hospitais nem para distribuição como prometido. Basta uma pequena visita a um hospital ou posto de saúde para ver como são atendidos os pacientes.
A grande massa mora mal ou de aluguel; o que também não é o melhor devido as condições dessa maneira de viver, trabalha feito louco para sobreviver, levanta muito cedo e anda apertado dentro de uma condução para ganhar um salário que não cobre as despesas.
A falta de segurança e a violência que campeia nosso dia a dia é o resultado dos itens já colocados, aliados a impunidade que grassa nessa "terra brasilis."
Como se não fosse pouco, temos uma classe de cidadãos que vive nababescamente às nossas custas, trabalhando muito, mas muito pouco para honrar os votos dos que os elegeram e descaradamente roubando o dinheiro suado dos nossos impostos.
Temos um Congresso inchado de políticos lobistas, corruptos que não se envergonham de tratar com indecência dos direitos dos seus concidadãos. Para essa classe de "cidadãos" o Brasil é somente o mundinho em que eles vivem; que é feito de conchavos e arranjos todos com intuito de tirar dinheiro do bolso do contribuinte: VOCÊ, pobre eleitor e trabalhador!
Mas não pense que só lá no Congresso e Senado está essa "classe" de cidadãos que só olha para o próprio umbigo, ela está também no Estado, na Assembléia, na Câmara de Vereadores e nas Prefeituras, ou seja: Estão em todo lugar que possa manipular o seu dinheiro, dando a você pobre cidadão migalhas, só migalhas.
Não importa o que reza a constituição ela não é cumprida quando se trata do NOSSO direito e dos deveres deles.
Todos os dias a mídia escrita e falada estampa na nossa cara um escândalo novo, cifras incontáveis desviadas do nosso suado dinheirinho para o patrimônio desses "cidadãos".  Vira e mexe e NADA acontece com ninguém apesar de todo estardalhaço feito na imprensa.
De vez em quando se caça um desses políticos, mas ele não sai de lá, logo assume outra pasta, outra posição ou volta pelo SEU voto, eleitor esquecido! A impunidade é alarmante e o que nós estamos fazendo??
Quando é que nós; eleitores e trabalhadores e esmagadora maioria vamos dar fim nessa safadeza sem fim?? Ou vamos continuar sentados em frente a televisão e o PC assistindo candidamente o assalto diário do nosso bolso? 
Até quando nós vamos nos contentar com as migalhas que nos é dada, enquanto essa "classe de cidadãos" continua engordar sua conta com o nosso dinheiro?
De que adianta ser a 6ª economia do mundo se o povo não disfruta da riqueza e nem tem educação e saúde??
Parece que estamos confortáveis nesse papel passivo. Até quando heim???
Acorda Brasil!!!!!!! Essa terra com suas riquezas é nossa, então não vamos deixar que nos passem recibo de tolos. Não vamos permitir que continuem nos tratando como um bando de bobos covardes!  Chega de se curvar e aceitar menos do que é nosso por direito!!



segunda-feira, 25 de junho de 2012

Patrulhamento




As câmeras nos espionam por todos os lados, onde quer que estejamos há sempre alguém com um celular pronto para nos flagrar.
Da mesma forma a imprensa, a mídia também parece estar em todos os cantos à cata de notícias. É claro que há o lado bom e o lado ruim, como em tudo na vida. O lado bom é que nada errado fica em descoberto já que a mídia transforma em notícia tudo que soa como ruim ou suspeito e com isso o que for crime é fartamente explorado e exaustivamente exposto para o público. A punição é um capítulo à parte que eu não vou entrar aqui.
Com esse bando de gente tomando conta de nossas vidas diariamente em todos os lugares, fica evidente que notícias também são fabricadas mesmo aquelas que sempre foram atos corriqueiros acabam ganhando contornos drásticos se manipulados e explorados para criar saias justas.
Aquela brincadeira de garotos de chamar o amigo de 4 olho, de balofo, neguinho, ainda que só brincadeira mesmo e de amigos, não há mais espaço pra ela. Não temos mais espaço para brincar com as palavras para ser engraçado. Hoje tudo traumatiza, é bulling ou preconceito. O cuidado com as palavras e gestos tem que ser redobrado; qualquer brincadeira, máscara de macaco, ou qualquer palavra fora do politicamente correto pode gerar um processo na justiça ou no mínimo um dedo acusador nas redes sociais.
Ser politicamente correto é bacana, mas viver na neura por conta do patrulhamento é horrível!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Beleza, Status ou Inteligência?



Diriam alguns que o vigor físico sustenta o corpo, atrai para si conquistas, e que a qualidade da robustez aliada ao frescor da idade são combustíveis imprescindíveis às pessoas.
Alguns contestariam veementemente porque nem só de vigor físico se chega ao topo, vide o caso das top models que são tão frágeis e dominam no ponto mais alto.  A grande diva sempre foi e sempre será a beleza, indubitavelmente, em todos os casos, sempre.
É quase impossível admirar uma outra pessoa sem lhe perceber as qualidades físicas. 
A primeira chamada das pessoas está na aparência; na maneira com que se vestem, na sua estrutura física, nas curvas; se for mulher, na rigidez da suas carnes, na forma escultural, no brilho da pele dos cabelos , na perfeição do rosto, no seios, nádegas e pernas bem torneadas. Pouco se dará  importância ao que faltar à essa bela receita.
Aos homens com algumas diferenças também se busca na aparência o primeiro e grande impacto, e por saberem desse motivo usam eles agora, os mesmos meios e atrativos femininos para chegarem mais próximo ao que pedem os olhos femininos e até masculinos, por que não?
E a crueldade dos tempos não se estreita só na faixa da beleza e aparência, até porque ela tem um custo  que só pode ser acompanhado por uma boa dose de capacidade de consumo, o que é quase tão raro como nascer e sobreviver com tais qualidades sem que se precise nela investir uma soma considerável. 
Padrão eis o que diferencia e separa o aparentável do economicamente perfeito.
Diriam as más línguas, que  olhar por essa ótica é quase que punir com separatismo os que não estão na lista dos bem nascidos e dos bem vividos ou condenar ao "in aeternum lat" a fatia que não preenche os requisitos que se confere à primeira vista. Entretanto é assim que se processa na cabeça da grande e imensa maioria de pessoas nos dias em que a comunicação é a vedete maior.
Embora seja essa a corrente que carrega a massa, me prendo a um "mísero detalhe " que parece só um adendo do conjunto acima citado, pelos desprovidos dele. Não dispenso em circunstância alguma, tal como sei ser imponderável e impensável para alguns, conceber um mortal sem ele: inteligência. Que seja uma inteligência mordaz, criativa, elegante, sagaz, intelectual ou uma mediana inteligência carente de estímulo cultural, ainda assim inteligência latente,  mas que seja parte integrante das características de cada pessoa, da mais simples a mais abastada. 
É inconfundível o traço de quem apresenta tal "detalhe", que em determinadas condições dispensa sem prejuízo qualidades ou status outros, pela agradável convivência, fertilidade de idéias e troca imprescindível.
Não se adquire tal "detalhe" com status, dinheiro, poder, cirurgia e não se carece dele para estar na moda, mas com ele se garante companhia agradável, com ele se adentra ao mundo refinado das salas seletas, dos recantos privilegiados, das falas e das atenções. Aos detentores de tão expressivo "detalhe" não se confere beleza como prêmio, nem uma cadeira cativa de mestre e nem sempre a primeira fileira nas disputas, mas se garante a certeza da compreensão do mundo ao seu redor, e muitas vezes lhe é impingido um sofrimentos atroz.
A bem da verdade alguns não fazem um bom uso dos seus talentos e por escolha própria  se tornam odiados pelo que mais o destacam em um grupo, uma categoria ou uma nação, enquanto outros mal tem oportunidade de demonstrar sua capacidade de amadurecer idéias, teorias, ganhar conhecimento intelectual pela falta de chances. Tantos talentos sucumbem na ignorância sem nunca saberem do seu potencial ou sem sequer terem ouvido falar em  quociente de inteligência.
Assim, da mesma maneira que não há como não prestar atenção no visual e por ele ser atraído,  não há como deixar de admirar quem traz no perfil a inteligência visivelmente bem aproveitado na conduta, na companhia e nos círculos familiares e sociais. 
Que seja pois, para o deleite de cada um, o que mais lhe aprouver.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Queremos amores e não senhores




Comemorar um dia não nos livrará por certo do abuso dos outros 364 dias, não apagará e não extinguirá toda a violência cometida.
Mas vale para se lembrar, que não somos peças de enfeite, ou adereços para se exibir  como prêmio, vale para concientizar que estamos no mundo prontas para tomar nosso lugar, e que temos real capacidade de conduzir nossas vidas e a de quem nos foi confiada.

Um dia para lembrar que nós carregamos em nosso ventre a vida que vai passear por esse chão, os grandes homens que vão comandar os destinos das nações, da mesma forma que estamos ao seu lado amparando, segurando suas crises ou aplaudindo suas vitórias.
Um dia para lembrar, que também parimos pulhas, egoístas e egocêntricos, que parimos os déspotas e os  assassinos, que parimos e educamos os machistas que vão nos manietar, violentar e matar.

E será que temos conciência de quem somos realmente, ou só nesse dia prestamos atenção na porção que nos cabe?
Não queremos bajulação falsa, queremos nosso espaço no mundo, queremos ser tratadas não como frágeis criaturas, nem com a mesma dureza dos homens, queremos ser tratadas como mulheres competentes em cada espaço que ocupamos, tendo direito de sermos frágeis e dóceis, tanto quanto sermos inflexíveis e duras quando preciso. Não exijam que sejamos "machos" nas funções mais pesadas, somos só mulheres fortes.

Num mundo perdido e sem direção, onde nos imputam tantos afazeres e nos cobram tanta dedicação, o que será que nos dão em troca?
De nós esperam que sejamos super mulher em todas as funções, que sejamos lindas e eficientes, mães amorosas e presentes, esposas equiparadas às Giseles Büchem da vida, sem uma celulite e sem uma gordurinha, ao mesmo tempo que executivas possamos ser exímias donas de casa e a glamurosa modelo das revistas. E o que nós dão em troca? Um super homem? Não, não existem super-homens, mas eles nos querem super mulheres.
O maior pecado que se comete contra a mulher é não olhar para o seu intelecto, é não valorizar o seu potencial como pessoa, mas exigir que ela seja perfeita em suas formas, que jamais envelheça.
Não somos só corpo, somos coração, alma, sentimentos, emoções e inteligência.
Queremos trabalho digno, salários compatíveis e justos.
Queremos ser vistas como mulheres simplesmente, por dentro e por fora,
com qualidades e defeitos. Queremos a liberdade de pensar e falar. Queremos ser respeitadas e amadas.
Todos os dias somos mulheres, mães, filhas, amantes , senhoras e meninas e somos violentadas explícita e veladamente todos os dias, em todos os lugares.
Lembrem-se que pensamos e sentimos, não somos troféus.
Somos pessoas e geramos pessoas; assim queremos ser e estar entre pessoas. Queremos amores e companheiros, não senhores.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Uma briga entre o espírito e a carne


Eu quero voar

O denso da matéria me amordaça o espírito, e ainda que meu espírito fale mais alto não consegue vencer a couraça pesada que o reveste.
Uma batalha travada no dia a dia  me faz oscilar entre as escolhas mundanas e o chamado melodioso do espírito.
Se de um lado o espírito me dá uma visão infinita do mundo, me promete a imortalidade da alma e a beleza só concedida aos desprendidos da matéria; o mundo táctil me faz provar o gozo imediato das relações, me faz sentir o prazer fácil das conquistas, bem como a satisfação beligerante do consumo. O mundo da matéria tem efeito passageiro, sabiamente conhecido, mas nunca é  drasticamente rejeitado diante do prazer  egoísta.
Por mais que eu saiba, e por mais que eu reconheça a efemeridade da matéria me vejo às voltas com a indecisão de trocar a graça, a leveza do corpo sutil pela grosseira e arrastada roupagem carnal.  
Nessa luta titânica diária os anos correm sorrateiramente, tanto que quando olho meu par de olhos no espelho, percebo que seu brilho embaça juntamente com a carcaça cansada que se arrasta indefesa frente a ação irredutível do tempo.
Engana-se o insensato que ajunta riquezas tolas sem semear no seara do seu coração amor puro, incondicional, pois que a semeadura não é obrigatória, mas a colheita sim. O que sobrará sobre a terra senão carne tola para o banquete macabro?
Olho para o céu, caminho sobre a terra e meu espírito volita acima da terra batida, sempre na esperança de conquistar de vez meu mortal coração.
Nada mais me separa do ontem do que eu mesma, e nada, nada mesmo me separa do meu amanhã, senão eu mesma; em carne e osso.
Ouço acordes melodiosos como brisas roçando minha pele cansada, meus pés ainda se arrastam querendo voar.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Aliança x Coleira




Quem disse que é preciso coleiras, para se estabelecer alianças? Quem foi que inventou  as grades? Onde está escrito que papel assinado garante vínculos?
Frágeis são as instituições que tentam cercar o que nasceu para ser livre.
As regras estão dentro de nós, os estatutos mais respeitados, são os que nós estabelecemos e grafamos com nossa lealdade.
Não existem leis que regulem os corações, não existem algemas que aprisionem a nossa alma, nascemos para ser livres.
As mordaças incitam a corrupção, atiçam à rebeldia, quando tudo que se quer é provar o gosto do proibido, sentir o prazer que é vetado.
Não somos donos de ninguém e não temos direito de cercear a liberdade de quem escolhemos para nos acompanhar, o que não permanece conosco; não nos pertence, aliás não existem propriedades quando falamos de pessoas, mesmo nossos filhos não são nossos, são de si próprios e do mundo.
Por um tempo, que nem a nós é dado conhecer, dividimos nossa presença com quem escolhemos, por afinidade, afeto, amor ou paixão, pode ser pela vida toda, pode ser por um tempo longo ou por um espaço breve, mas em nenhum desses casos estaremos algemados uns aos outros...ou não deveremos estar, em um relacionamento saudável. 
Estabelecemos regras, que não estão em papéis, não carecem de ser vigiadas. Confiança e liberdade deveriam andar de mãos dadas, regidas pelo bom senso, porque o amor só aumenta quando regado por confiança, afeto e lealdade, não quando privado da liberdade.
Paredes e grades não prendem pensamentos, não aprisionam o sentir. O vôo pelo mundo das sensações nos fazem inteiros, complementam a bagagem da nossa alma, assim como a leitura é aprendizado para o nosso intelecto. Não há crescimento nem amadurecimento senão pelo conhecimento, pela experiência.
Temos cada um, nossas próprias regras, nosso próprio limite, e cabe a cada um de nós descobri-lo, explorá-lo para fazer  uso da forma mais qualitativa.
Nada e ninguém pode limitar nossa experiência, a cada um de nós compete saber até onde ir e como ir; o caminhar pelo mundo das descobertas exige de nós apenas discernimento; o que se aprende se dando o direito de experimentar, apenas respeitando os espaços, nossos e de outrem.
O viver nada mais é que um aprendizado diário, e transformar esse aprendizado em sabedoria, é o que faz a diferença.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Faxina




É inegável que a primeira impressão que fica é a aparência física, primeiro se olha o externo, a partir daí, se interessar ou não pelo interior é meio complicado, visto que, se a aparência física agrada, é meio caminho andado...entretanto se a aparência não for ao menos um pouquinho atrativa...morre o interesse à primeira vista.
Somos mente, corpo e alma (ou espírito, dependendo do que se diz) mas os olhos nos direcionam primeiramente para o que lhes agrada, e mormente nos deixamos levar pelo que o visual nos promete.
Com o passar dos anos a gente aprende a valorizar o templo interno, e a ele dedicar o de melhor, é onde a gente guarda as emoções, os sentimentos. E para que o nosso exterior reflita luz pelos olhos, mansuetude de gestos e palavras equilibradas, é preciso que dentro de nós haja limpeza constante, polimento e cuidados especiais.
O corpo necessita de cremes, exercícios, roupas adequadas, cuidados de higiene, mas o interior também, e tudo é uma questão de prática; quando alguma coisa não vai bem por dentro, reflete na pele, na saúde, nos relacionamentos.
O recolhimento e a prática da faxina interna, faz com que aprendamos mais sobre nós mesmos; há muita gente que se olha no espelho e não se vê, que corre atrás dos modismos preocupados com uma ruga no rosto...sem notar o quanto a alma está enrugada. A maioria perde horas escolhendo uma roupa que possa apresentar melhor o corpo, mas não cuida para que o odor da fala e dos pensamentos perfumem o ar por onde passam.
Mesmo quando temos o cuidado com o nosso ambiente interno, mesmo quando buscamos trazer no íntimo limpo e perfumado, erramos...somos humanos; mas é errando e que aprendemos a acertar; crescemos com nossos desacertos se aprendemos tirar lições das nossas dificuldades, quando enxergamos as nossas mazelas e buscamos como ourives; lapidar nossas ações, nossas emoções e nossos sentimentos.
Depois de cada "mergulho" dentro de nós mesmos, depois de limpar os sentimentos mofados e arejar as nossas emoções, a vida sempre fica mais interessante, as pessoas à nossa volta, mais bonitas; porque nossos olhos começam a enxergar belezas que antes estavam escondidas...entretanto, ficamos mais seletivos; e damos menos valor as coisas e sentimentos que não se coadunam com o nova pessoa que vai surgindo dentro de nós, a cada polimento...
Além de discernimento e sabedoria, essa jornada carece de uma boa dose de amor. O amor é a chave de toda a nossa existência, é o motivo e o veículo, o amor é início, meio e fim. Sem amor a vida não passa de uma passagem vazia, uma busca desenfreada de emoções, para preencher o corpo, a alma e o espírito.
Aprender a amar, é a lição primeira de cada ser humano, mas não só amar o amor carnal, o sexo oposto pela libido que ele desperta, isso é para o corpo; não dispensável, mas fisiológico. Aprender amar a plenitude do ser humano, isso sim nos dimensiona no mundo dos valores morais e espirituais.
A partir daí, conseguimos enxergar o todo, e percebemos que dentro de cada pessoa há um jardim, e o perfume que cada uma delas exala, vai depender de como ela cuida do seu jardim interno.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Tomara



Tomara eu tenha semeado amor no seu coração.
Tomara eu tenha morado no seu coração, como você morou no meu.
Tomara eu tenha deixado boas lembranças, para que amanhã quando você se lembrar de mim, sinta saudade ao invés de tristeza.
Tomara eu tenha deixado mais mensagens boas, e poesias que façam brotar sorrisos no seu rosto, do que mensagens bregas, pelo meu exagero em amar.
Tomara que você seja sempre mais otimista que eu, e que nunca tenha motivos para ser "carente".
Tomara que você seja sempre essa pessoa linda, e que sempre tenha os olhos voltados para as coisas belas.
Tomara você tenha entendido que plantar sonhos, e sonhar sempre de dia e de noite, é fundamental, ainda que a realidade seja pesada e dura, porque sonhar, é quase como ter o que se quer.
Tomara que você nunca tenha que se arrepender das coisas que não buscou, das coisas que não realizou, das coisas que deixou de dizer.
Tomara que você seja feliz hoje como sempre esperou ser.
Tomara que você tenha sempre certeza, das coisas que deseja.
Tomara que quando você erguer a taça para fazer um brinde, você brinde de verdade.
Tomara que você seja feliz, não pelas coisas materiais que possui, e sim pelas pessoas que estão à sua volta.
Tomara que você valorize mais o seu espírito que o seu carro, o seu micro...
Tomara que você tenha mais motivos para sorrir, do que para se entristecer.
Tomara que você tenha aprendido a pedir perdão, e a perdoar as pessoas, e que tenha aprendido não guardar rancores.
Tomara que você tenha aprendido a dizer que ama às pessoas a sua volta, e tomara que dê tempo ainda de dizer à elas, antes de perdê-las.
Tomara que você seja forte quando perder alguém que você ama muito.
Tomara que você nunca tenha que dizer adeus.
Tomara que você tenha muitos motivos para acordar todos os dias sorrindo.
E...tomara que você tenha Deus no seu coração, para que ele lhe guie...quando todos os caminhos estiverem fechados...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Desejo




desejo que a vida lhe ensine
que somos únicos e especiais
sempre;
 desde que nos façamos assim.
desejo que a vida lhe mostre
que ninguém é dono de ninguém
e que as alianças não estão em papéis
nem nas instituições,
menos aindas nas juras e promessas;
as alianças estão na nossa palavra
na sinceridade com que levamos a vida
e as coisas que nos rodeiam.
desejo-lhe que aprenda a aceitar as pessoas
com seus defeitos e apesar deles,
da mesma maneira que você é aceito.
desejo que você aprenda que amizade 
é algo que se rega todos os dias
com o mesmo empenho com que se conquista.
espero que olhe-se no espelho e
fale em alto e bom som para si,
o que diz para as pessoas todos os dias
e depois disso escreva e leia para ver se soa igual.
no fundo eu desejo, de verdade 
que você aprenda a amar com o coração além da razão,
e que saiba diferenciar amigos de colegas.
desejo que quando abrir um sorriso
saiba fazê-lo com franqueza.
desejo que quando falar, pense antes;
palavras depois de ditas, não se apagam
a primeira impressão é a que fica.
desejo que seus dias sejam de bênçãos,
e que você tenha a certeza de que se está ao meu lado,
é porque eu lhe tenho admiração e respeito.
por fim espero que receba minha amizade
com braços abertos, da mesma forma que lhe dou a minha.

Amar




A vida tem surpresas tantas que as vezes
acabam passando desapercebidas 
e saber viver é exatamente isso.
Descobrir, sentir e entender os sinais 
que a vida nos manda através  das pessoas,
das situações, das palavras, dos gestos.
Quem passa por essa vida e não sabe amar 
incondicionalmente;
não aprendeu a amar de verdade
em toda plenitude que o amor merece
e deve ser vivido, não pode dizer que viveu.
Viver não é só respirar,
trabalhar, dormir, comprar um carro
uma casa, fazer sexo com alguém.
Viver é beber cada gota que escorre do tempo,
amar não é só desejar;
amar é sentir a alma do ser amado,
é entregar-se é sentir a pulsação,
o cheiro...ainda que distante.
Amar é semear um sorriso nos lábios,
é conhecer as entrelinhas de cada conversa;
amar é ter cumplicidade,
é sentir sem palavras pra identificar.
Amar não significa fazer amor,
amar é sentir falta,
é sentir prazer pela simples presença
pela troca de energia.

A vida nos dá muitas oportunidades 
de aprender a amar, sempre e de todas as 
formas a todas as pessoas.
Deus na sua infinita sabedoria
 nos capacitou com alma e espírito
para que pudéssemos entender o amor 
e busca-lo em todas as formas que nosso
 corpo e mente necessitam,
só nos falta identificar dentro de nos mesmos
 essa inteligência vital para aprendermos 
ir em busca da felicidade.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Mulher pode fazer xixi na rua?



Parece que o tempo anda passando rápido demais e não só fisicamente.
Fico observando os modismos, os comportamentos e chego a conclusão que realmente estou ultrapassada nos meus valores; felizmente vim de outra era, outra geração ou de outro berço.
Quando pensei que nada mais me chocava, descobri uma notícia nos jornais que me deixou entre envergonhada e desesperançada: "Mil mulheres são detidas fazendo xixi nas ruas." Estatística triste do carnaval em uma grande cidade. Se já era deplorável homem fazer xixi em plena via pública imagine mulheres abaixando as calcinhas e agachadas sem o menor pudor deixando nas ruas o seu xixi, que deveria ser feito entre quatro paredes com o cuidado e delicadeza que uma mulher carece.
Quase não consigo acreditar que criatura que tem o dom de abrigar um filho no ventre por nove meses, a mesma que tem a capacidade de alimentar nos seios a sua descendência se perca tanto dos seus próprio valores e se desnude deles de forma tão chocante. Não pelo xixi e sim pelo ato que prova que cada vez mais a mulher se despe do pudor e se iguala aos homens deixando assim de ter seus mistérios, de ser aquela criatura de modos delicados para se tornar banalizada e sem escrúpulos, ou até pior, beirando a animosidade.
Como depois de se rebaixar tanto esperar que os homens queiram compromisso, sejam gentis, elegantes; se a dama já não existe mais e no lugar dela surgiu uma espécie de animal que sequer valoriza a espécie? Longe de ser uma crítica negativa, e antes que se possa dizer que meu comentário é machista; penso e lembro de como era bom ser o centro das atenções com gestos delicados, a corte que instigava mais e mais o romance e onde as relações eram mais estáveis porque se ia conhecendo aos poucos uns aos outros e não logo no primeiro encontro. A mulher sempre procurava esconder um pouco mais suas mazelas , principalmente diante dos homens porque o seu charme maior sempre foi o mistério. Hoje já não se guarda nem o cuidado com o corpo diante das situações mais pudendas.
Fazer xixi em plena rua!! É incompreensível para um mulher que cultiva hábitos saudáveis , é inadimissível para uma mulher que cuida com carinho do seu corpo para entregar à pessoa amada e é totalmente fora de cogitação para uma mulher medianamente educada!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Algumas coisas que só o tempo ensina

Não importa aonde chegar, importante é caminhar pra frente, e não fechar os caminhos do parceiro de caminhada.
Não importa a cara lavada, importa é saber que a maquiagem é só um adorno.
Não importa não dormir de vez em quando, importa saber acordar no tempo certo.
Não importa o tempo que se carrega no corpo, ele só será pesado se a alma 
desaprender de ser livre.
Não importa em que tempo o amor chega, o importante é saber a hora de abrir a porta.
Importa não é ter olhos, mas é ir além de olhares.
Não importa ser grande, importa é valer indiferente ao tamanho.
O tempo é veneno que tempera a vida, e é a dose certa para nos resguardar da própria vida.
Senhor absoluto da razão só o tempo faz e desfaz independente da nossa vontade.
Estar pronto a cada dia para enfrentar desafios é regra pra se seguir à risca, pra não se correr risco de ficar no meio fio a se lamentar.
E como eu sempre digo; viver cada dia como se fosse o último, cada amor como se fosse o único porque na sala de espera tem alguém torcendo por você, e na UTI é você que tem que aprender a lutar pela sua vida.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

6º lugar e sem educação!



Aonde vai parar esse país gigante e sua brava gente se não consegue se educar? Será que sonhamos ser um dia a primeira economia do mundo? Sonhamos, mas sem educação não, não chegaremos lá.
É muito chato bater sempre na mesma tecla como se eu fosse a dona da verdade e mais ninguém enxergasse isso, grr. Quando se olha ao redor  com atenção, percebe -se em cada detalhe o quanto falta para que possamos ser um país pujante. Não falta só educação curricular, falta berço, falta modos, falta vontade de aprender o que os pais já não sabem mais ensinar.
Demos um enorme salto  do excesso de proibição ao excesso de permissividade, não houve meio termo e isso acabou por desmoronar de vez os valores que eram cultivados quando havia respeito entre as gerações. Não posso e não vou culpar a emancipação femina porque quem quis conseguiu manter os valores, a educação e cultivou uma estrutura necessária ao bem estar da sua descendência. O problema principal, a meu ver, é que uma imensa maioria sentiu o gostinho de uma liberdade tão escancarada que acabou perdendo os limites. 
Pode-se ao lado dessa educação frouxa juntar o bum da tecnologia que afastou uma geração da outra, muito rápido ao mesmo tempo que ligou continentes e fez com que o ter passasse na frente do ser. Enquanto de um lado os pais foram obrigados a trabalhar mais duramente para se manter e para o "ter", os filhos também ficaram mais exigentes  seguindo o exemplo dos pais que buscam incessantemente ter, sem contar  que por estarem conectados com o mundo assistem de perto o crescimento tecnológico cada vez mais atraente.
Para os pais que trabalham arduamente e não se enturmaram com as tecnologias (excessão ao celular que é consenso geral) é mais fácil deixar os filhos entregues a própria sorte jogando a obrigação de educar para a escola, para o mundo, afinal eles vivem entretidos com amigos, micros, celular e tudo que puderem ter; dá menos trabalho e sobra tempo para trabalhar mais e até descansar um pouco. Para os pais adeptos das tecnologias o pensamento é quase o mesmo; melhor deixá-los entregues para que o mundo e a escola os eduque, dessa forma não se permitem dizer não para não fazerem o papel castrador devendo esse papel ser o da escola. É fartamente sabido que a escola forma cidadãos, ou deveria, dá a chave do conhecimento, mas não é ela que educa que imprime valores, essa obrigação sempre veio do seio familiar.
A tão propalada liberdade ganhou contornos abusivos e ao invés de ser algo almejado e conquistado tornou-se um enorme entrave para o crescimento humano porque seu excesso tem contribuído para que se perca os limites entre a responsabilidade e a irresponsabilidade.
De que adianta ser a 6ª economia ? Com que cara vamos esconder nossas vergonhas ? Há muito para se fazer até se atingir o topo e isso começa na base, não dá pra ser diferente.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Quinquilharias



Pequenos gestos, algumas pequenas considerações podem se tornar tão espinhosos e cruéis a ponto de azedarem relações, amizades. Por mais que se pense no que vai dizer, por mais que se vigie, quase todos acabam escorregando nessas pequenas armadilhas.
Curioso é que o que é pequeno e não deveria tomar proporções maiores que o seu próprio tamanho, mas toma. Pior é perceber que é mais fácil as pessoas se apegarem muito mais  à pequenos detalhes do que às grandes confusões. 
Existem pessoas das mais variadas maneiras de pensar, de níveis de cultura e de educação diferentes, e quase sempre age ou reage da mesma maneira; humanos como somos todos.
Somos seres frágeis em todos os sentidos; no trato com o outro, no trato conosco  e principalmente com o nosso ego, esse que acaba por ficar atrás do pano manipulando nossa imagem. É ele que nos representa no mundo e é também ele que nos envaidece, nos enche de orgulho. Consequentemente por conta desse tal "ego"muitas vezes nos tornamos (para o mundo) imbecilizados, insuportáveis, cheios de empáfia ou acéfalos, tudo depende do quanto nos deixamos ser atormentados pela aparência, pela vaidade ao invés de deixar fluir de nós o eu mais profundo, a essência divina; que é a nossa melhor porção.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Mais um ano pra eu provar

Não sei se achei 2012 ou perdi 2011. Ainda não senti a bafejo do Ano Novo apesar de todo foguetório, talvez essa leve brisa que me acaricia o corpo seja prenúcio de que ele será mais carinhoso comigo.
Uma coisa eu sei que é real; não sinto hoje mais aquela mudança, nem a mesma empolgação; não faço mais pedidos nem votos para o espolcar dos fogos.
Eu lembro até com saudades de quando eu esmerava na escolha das roupas, cuidava do cabelo, sapato tudo que pudesse representar a felicidade material para entrar o ano. Fazia promessas e metas que nem sempre se cumpriam, mas era parte de um ritual que precisava ser cumprido.
Não perdi o meu espírito de confraternização, algumas crendices ainda me perseguem, a família continua e continuará sendo prioridade e meu porto seguro para enfrentar um ano sendo ele maravilhoso ou tenso.
Vou sentir o ano no dia a dia, na rotina; experimentá-lo nos dias e noites que me oferecerá e só então saberei se é um ano saboroso ou não.