quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Usinas

A partir do momento em que um radar descobre em si um canal de comunicação com a sociedade por sua qualidade artística, esse radar passa a se sentir menos estressado, menos frustrado, consequentemente mais equilibrado emocionalmente. Não é preciso necessariamente que esse radar experimente a fama, ele precisa simplesmente descobrir em si o canal da sua habilidade para fazer escoar sua comporta de emoções e sentimentos represados, traduzindo sua comunicação sob a forma artística, ou produzindo sua arte como uma forma de refletir nela o que lhe transborda, ainda que seja unicamente para o seu prazer.
Além da capacidade artística o radar tem a habilidade para com profissões específicas como psiquiatria, filosofia, causas humanitárias em geral e outras.
No mesmo compasso o não radar precisa transbordar, entretanto no caso do não radar ele só precisa de uma válvula de escape que esgote a energia física acumulada na sua usina pessoal, e a energia psíquica acumulada na sua tela mental, já que o não radar faz parte daquela parcela mais ligada às coisas da matéria.
A energia psíquica acumulada na tela mental do não radar advém do seu contato com outras pessoas não radares e com as radares, ou “captadoras”.
O radar tem sua tela mental mais afinada com energias sutis, que são energias ligadas às emoções e sentimentos, daí a necessidade do captador ou radar se comunicar passando esse mesmo tipo de energia.
O acúmulo de energias dentro de uma pessoa tem a mesma força que águas represadas em diques, elas geram força. A força deve ser direcionada para a criação, para o esforço físico ou mental. Quando todo esse potencial energético fica contido sem uso ou explode em violência, em patologia psíquica ou é somatizada em doenças físicas.
Todo tipo de energia acumulada no corpo humano deve ser escoada por canais apropriados, incorrendo esse acúmulo em desarmonia física ou emocional. Nosso corpo funciona como uma máquina e como toda máquina precisa estar equilibrada para funcionar perfeitamente. Vejamos: uma máquina qualquer que pode ser um aparelho eletroeletrônico, se sobrecarregado de energia queima, o corpo humano não queima como um aparelho, mas funciona mal, sente dores, adoece.




Bom Dia (da série Bom Dia)
Angélica T. Almstadter


Quero silêncio para mergulhar dentro de mim, e ouvir os meus sons, quero ouvir o badalar dos sininhos que tocam e tocam anunciando que a paz que eu persigo não mora longe daqui.
Não sei se as portas me incomodam por que estão fechadas, ou se me perturba não atravessá-las. Vou me permitir ir pra rua beber a luz do sol e os barulhos do feriado. Quiçá entre tantos rostos e sorrisos eu perceba que a vida é tão mais intensa do que parece. Que esse sopro que ela me mostra; seja só um brinde; para que eu aceite muito além dessa taça requintada.
Vou pra rua, vou ver gente...preciso ouvir vozes e ver crianças de verdade.
Ver namorados, homens, senhoras, velhos, gente que sai à rua pra viver e respirar como eu preciso fazer.
Não ligo mais para essa tristeza que me persegue, ela parece uma segunda pele, que em muitos dias me faz nua, só para desfilar meus pecados, meus sonhos abjetos, é ela responsável pela cumplicidade que me faz mansa mesmo quando a veia ferve ou o ódio me atiça as entranhas.Ah, não estranhe meu ódio assim brutalmente revelado, ele também percorre algumas linhas mestras, nos intervalos do meu amor escandalosamente rabiscado.
Eu não poderia ser uma balança fiel se não transgredisse os mandamentos. A docilidade das minhas palavras também prova o amargo da fúria, e é assim que rompo as portas e avanço para a multidão, vou em busca do silêncio de dentro de mim, que está na rua, no meio dos transeuntes, pra remoer as minhas palavras, açoitar meus sentimentos, remexer as minhas emoções, conversar com meus pensamentos sem interrupções. Não quero dividir esse estorno de sensibilidade que baila na minha pele.
Vou rascunhar na minha memória as minhas vontades, revirar e revisar os meus conceitos, quando colocar as emoções no lugar eu volto e passo a limpo toda a minha ansiedade.