quarta-feira, 25 de maio de 2011

É preciso arejar para não adoecer


É comum de vez em quando a gente se sentir sufocado e olhar o mundo com descaso, tendo a nítida sensação de que não vale a pena fazer mais nada, que tudo está chato e ruim.
Algumas vezes dá até vontade de morrer porque a tristeza que nos abate não nos permite  ver nada; parece que as pessoas não notam mais a nossa existência, parece que não há amor das pessoas para conosco. Nenhum amor parece suficiente para nosso coração desanimado, nenhuma alegria parece penetrar dentro do nosso mundo interior.
É um certo complexo de : esqueceram de mim.
 
Para tudo! Não podemos permitir que nosso coração e mente se deteriore porque não sabemos fazer uma higienização de quando em quando, aí permitimos que se instale a dor, a doença por conta dos cantos mofados que não temos coragem de revirar.
Existem dentro de nós sentimentos velhos que já não nos serve para nada e nós insistimos em levá-los de um canto a outro tentando encaixar o trambolho ao invés de desmontar e jogar fora.
Também guardamos mágoas de todos os tamanhos e pior; fazemos questão de preservar para encará-las de frente, vez por outra, só para sofrer um pouquinho e alimentar uma dor física, talvez para ficar de vítima de vez em quando e tentar ganhar olhares de carinho ou pena!
 
É bom guardar lembranças, amores, mas mesmo essas lembranças devem ser sacudidas de vez em quando para não esconderem traças nas dobras. E amores é sempre bom guardar, até um certo ponto, amores que não tem chance de virar realidade e ficam com arestas vivas espetando, amores que nos afrontam, que nos pisam e nos fazem sentir pequenos; esses devem ser expurgados sempre que começarem azedar os espaços que ocupam em nós, porque amores bons mesmo são os que clareiam a alma e a mente, que perfumam, que dão brilho aos olhos e viço à pele, fora disso é só doença sem cura.
 
Dentro dos nossos espaços internos, mente, coração e alma tudo deve ser aberto e arejado sempre para que não fique frio e escuro.
Nada de ficar polindo impressões doídas, dores antigas, amizades conflitantes, desejos impossíveis; ao fazer isso fechamos as portas para as impressões de colorido vivo, amizades novas, amores novos.
É como se fossemos um guarda-roupa fechado e atulhado de roupas velhas de muitos invernos e verões, não cabe mais nada e tudo que tem lá dentro a gente pensa que vai usar um dia, mas é velho e não nos serve mais. A gente tem preguiça de arrumar porque dá trabalho, tem traças e sabemos que se tirarmos o que tem lá dentro não vamos conseguir acomodar tudo de volta. Aí que que a gente faz?
Vai protelando e cada vez que precisamos mexer lá dentro para apanhar alguma coisa; dá um misto de tristeza e raiva, porque sabemos que vai dar trabalho procurar e certamente nada do que tem lá dentro é adequado para o momento.
 
Chega de esconder a sujeira debaixo do tapete, de passar um paninho e dizer que está tudo limpinho; vamos escancarar as janelas sem medo da luz que vai entrar e sem pavor de encarar os cacarecos que guardamos nas nossas entranhas. Vamos jogar fora sem dó tudo que envelheceu e não nos serve mais, vamos pintar de cores vivas o nosso interior e nos preparar para as novidades que vão entrar depois que procedermos uma limpeza radical.
 
Quem quer andar encurvado carregando uma montanha de trastes de data vencida e que já não serve para mais nada, a não ser deixar o corpo dolorido, a alma sem graça e o olhar perdidos sem luz?
 
É como experimentar a sensação de casa limpinha, cheirando lavanda. E você vai ver o quão mais leve a vida vai lhe parecer.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Você sobreviveria?


Você consegue desligar rádio, TV, micro, celular e todos os seus aparelhos eletrônicos e permanecer assim por quanto tempo?  Será que vc consegue viver essa experiência por alguns dias?
Bem, qual a sensação que você pode experimentar ao desligar todos os eletrônicos à sua volta e ficar sozinho consigo mesmo? Parou para pensar?
O que eu observo é que as pessoas de um modo geral não conseguem se desligar totalmente dos seus aparelhos. Seria medo do barulho que o silêncio faz? Seria medo dos seus pensamentos? Medo de encontrar-se consigo mesmo?
O mundo moderno condicionou as pessoas a estarem sempre conectadas a alguma fonte eletro eletrônica  e com isso elas estão perdendo o hábito de ouvirem o som de seus próprios pensamentos, e estão começando a se desabituar de ficarem desconectadas; o que propicia o ser humano moderno a robotização ou pior; emburrecimento.
Por conta das novas tecnologias somos condicionados a usar teclas e muito pouco, quase nada de canetas ou lápis, monitorar aparelhos à distância, ou programarmos nossos eletro eletrônicos domésticos ou pessoais às tarefas. Dia a dia as facilidades do mundo moderno nos convence que não somos mais capazes de executarmos tarefas simples, que muitas vezes seriam desestressantes, prazerosas,  porque estamos correndo atrás dos ponteiros e desaprendendo dessas mesmas coisas;  uma vez que as máquinas podem executá-las com alguns toques enquanto nós vamos apagando da nossa memória os conhecimentos e o prazer de executá-las.
O que dirão nossos pensamentos quando se desligam de toda a parafernália eletrônica? Sentirão alívio, cansaço ou se sentirão perdidos?
Estamos vivendo um período de muitas descobertas; umas encadeadas às outras, quase que todas tem a ver com o ter e não com o ser, a não ser umas poucas expressões literárias mal fadadas transvestidas  de auto-ajuda, não se produz mais a arte do pensamento.
Seria esse mal sinal dos tempos, onde o pensamento vai sendo aos poucos banido da vida das pessoas?
É claro que não se decreta o final dos pensamentos, entretanto se a prática deixa de ser exercida com assiduidade para se conseguir concatenar idéias, cria-se um vazio que é facilmente preenchido por qualquer artefato eletrônico.
A arte de pensar precisa ser cultivada no silêncio, longe dos apelos tecnológicos para não morrer como está morrendo o uso da escrita manual, por exemplo, antes que se decrete de vez a incompetência de "ser" da espécie humana.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ética, Educação, Cidadania e etc.





Ando às voltas com a minha observação quase que compulsiva das pessoas, não propriamente as que vivem comigo, mas as que vejo na mídia, as que vejo no dia a dia, no mercado, no ônibus, na rua; pessoas comuns despreocupadas se estão ou não sendo observadas.
Gostaria muito de estar enganada, mas está ali bem na minha frente o produto do comportamento de cada uma. Ao ir caminhar na Lagoa aos domingos eu constato a falta de respeito para com os aparelhos de musculação na área destinada à 3º idade. Não que os mais jovens não possam frequentar também, o que mais incomoda é ver o pais jovens levarem seus filhos pequenos para se divertirem nos aparelhos como se ali fosse um parque de diversões para os pequeninos, sem o menor pudor em permitir a brincadeira e sem se preocupar se é uma área restrita para adultos da 3º idade e muitas vezes ali ter pessoas de pouca mobilidade.
Ir nas segundas ou domingo a tarde caminhar no Parque  é outro exercício de paciência. Mesmo sendo o local dotado de lixeiras ao longo de todo o trajeto do entorno da lagoa e mesmo o parque contando com pessoas que cuidam o dia todo da limpeza, é possível encontrar copinhos, embalagens de salgadinhos, chocolates, sorvetes e etc jogados por todo lado e inclusive próximos as lixeiras.
Da mesma forma que se pode encontrar pelas ruas da cidade;  papéís, cacas de cachorro pelas calçadas, restos de comida, sapatos velhos e etc. 
Em muitos lugares sofás nas calçadas, restos de móveis; excetuando o dia em que passa o cata treco ( em Campinas tem esse serviço), os móveis são deixados nos jardins, beiras de estradas vicinais sem a preocupação desse objeto se deteriorar exposto as intempéries juntando animais de peçonha, insetos etc ou ir parar dentro de rios, córregos ou bueiros.


Há uma ansiedade natural nas crianças em aprender e se à elas forem oferecidos livros, estímulos lúdicos desde a idade tenra, ela vai se acostumando desde cedo a enxergar o mundo por outro prisma, o que infelizmente não acontece.
E como o aprendizado é muito mais por exemplo do que por conselho, os comportamentos vão sendo repetidos. Mesmo frequentando os bancos escolares a grande maioria continua sem aprender como se tornar um cidadão.


É comum verificar as pessoas buscando tirar vantagens, que vão desde as pequenas negociatas caseiras, àquelas que estão na esfera de trabalho e as  que escadalizam  porque são casos de corrupção dentro dos governos, em variadas situações que explodem na mídia diariamente.


Há ainda um farto aprendizado que pulula na própria mídia em forma de diversão; filmes, novelas e outros tantos meios, mas ao que parece ao invés de ser só um entretenimento essas diversões acabam se tornando um incentivador para os que não tem uma boa estrutura de formação familiar ou tem um caráter mau formado.


Eu me pego pensando na responsabilidade que temos em passar exemplos, desde o mais simples "obrigada" a maneira com que conduzimos a nossa própria vida. Parece que anda meio esquecido das pessoas que somos espelhos para outras pessoas que nos rodeiam e a medida que exibimos que "podemos" infringir as regras de comportamento, as regras éticas; abrimos espaço para aqueles que se miram nesses espelhos que representamos, agirem da mesma forma ou até com mais liberdade de infringir e menos responsabilidades para com seu semelhante. 


A civilização está perdendo o senso do que é certo e errado, do que convém e do que não convém, ainda que se precise aprender a ser cidadão o ser humano nasce com uma percepção do que é moral e do que  imoral, do que é ético e não ético. Como centelha divina que somos nascemos com qualidades natas, depende de cada um de nós como levar pela vida essas qualidades: intactas ou corrompidas.


O mundo carece de no mínimo pequenas gentilezas para ser agradável de nele conviver.
Caminhamos para o caos porque a criatura resolveu virar as costas para o Criador, pisar nas regras e subverter a ordem.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Futilidade ou desinteresse?


Há um cansaço nas pessoas que as impede de ir em frente, que as impede de absorverem a explosão de informações a que somos bombardeados todos os dias.
As pessoas caminham como zumbis, guiadas por Mp3 nos ouvidos alienadas e totalmente fechadas para o outro. Ou simplesmente como uma manada que segue um líder. Que mundo é esse? Em outros tempos os alienados gostavam de se reunir para estudar, discutir filosofia ou música, alguma coisa importante que muito provavelmente iria mudar o mundo de alguma forma, ou no mínimo chocar. Desafios estimulavam muito mais as pessoas do que hoje quando a maioria prefere tudo pronto e digerido e se contenta em sentar defronte a televisão e engolir o que lhe é entregue pronto.
 
A pressa de viver o hoje, de adquirir novas tecnologias faz com que as pessoas se limitem a correr pra lá e pra cá como baratas tontas sem ter tempo para o essencial: se aprenderem.
Há um marasmo estampado no semblante das pessoas que me faz sentir que não estamos preparados para a era de informações, para esse salto que busca em cada pessoa a sede de conhecimento. Não falo só do estudo acadêmico, falo da riqueza pessoal, da cultura, do gosto pelas coisas que enobrecem o espírito, alimentam a alma.
 
Não é raro observar que as pessoas se contentam com migalhas que estão na superfície, consumo rápido, como fast food que produz a obesidade e não alimenta. Quem quer ir fundo, ou quem tem tempo para parar pra pensar?
Parece tão mais cômodo ler o resumo do resumo para se manter atualizado e beliscar só o que está à mão; afinal o dia de hoje só importa hoje, ninguém está interessado no amanhã porque o amanhã trará tudo condensado na rede, bem mastigadinho aí é só passar os olhos pelo resumo e se servir do tira-gosto como prato principal.
 
Qual a consequência desse desinteresse geral em construir com idéias e palavras o amanhã? O vazio sem fim, a falta de referência de uma época de cansaço, de preguiça mental. Vivemos a mercê de máquinas, do imediatismo de tudo, das memórias dos que produziram, enquanto vamos ficando ocos e sem expressão própria.
Há classes e categorias profissionais que se alinham para trabalhar, mas gentes não deveriam se alinhar em clãs e tribos pela cor da pele, preferência sexual ou religião e etc. O mundo se modernizou e o guetos se multiplicam! Por que não se aliarem para produzir a identidade de um povo que possa ser lida e estudada daqui há algumas dezenas de anos?
 
Quem somos nós? Como chegamos até aqui? E o que vamos fazer daqui pra frente? Qual nossa contribuição para o planeta? Será que meus filhos sabem o que querem fazer das suas vidas? São tantas as perguntas que eu me faço todos os dias e não consigo encontrar as respostas que me satisfaçam, porque eu sei que mesmo tendo vivido mais de meio século minha tarefa não acabou, pelo contrário, meu tempo está se esgotando, mas a tarefa não!
 
Não tenho obrigação de ser feliz por tempo integral. Tenho direito ao mau humor, a ficar reclusa quando quero ler, estudar ou pensar. Tenho direito de ouvir música bem alto, de sair pra caminhar com o MP3 no ouvido para que não interrompam meus pensamentos. Tenho direito de chorar quando me sentir infeliz.
 
Mas eu também tenho o direito de viver intensamente o que a vida me proporciona; olhos para ler e aprender, para olhar para o céu ou as estrelas por tempo indeterminado, ouvidos para escutar e entender, boca para ensinar o que eu também aprendi, ou para cantar, declamar. 
Tenho direito de parar tudo que estou fazendo para organizar meus pensamentos e escrever o que eu sinto, para pintar um quadro, uma parede, uma porcelana ou fazer um artesanato ou simplesmente pintar o sete!
 
Eu não preciso ter prazer imediato com coisas pequenas, eu preciso estar sempre produzindo algo que me dê prazer. Eu devo ser útil  para contribuir com a sociedade em que vivo. Eu preciso produzir para viver e para ser sã! Só assim terei prazer em viver!
 
A vida não merece ser vivida de forma fútil, todo o mecanismo do mundo é complexo, assim como nós somos organismos complexos e só isso já nos faz pensar que viver é descobrir a cada dia a novidade que nos reserva a vida.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A beleza da unicidade

Cada pessoa é um ser único no universo, cada criatura tem como marca a sua própria essência divina, e ainda que tenha herdado características da sua árvore genealógica  a sua natureza física , psíquica e emocional será única e diferente de seus antecessores.
Em uma família vários irmãos recebem herança genética dos pais avós e etc, de ambos os lados e nem assim são iguais, quando muito com algumas semelhanças, embora o divino de cada um seja incomparável.
A perpetuação da espécie é fascinante porque repete o modelo, mas recria DNAs e inaugura essências novas à cada criação, incluindo os gêmeos.
A beleza humana está justamente nessa singularidade, pais e filhos mesmo tendo semelhanças possuem diferenças gritantes que vão muito além das gerações; são DNAs ligados por laços consangüíneos, mas que em nada se assemelham como essência.
Alguns comportamentos, alguns gostos podem aproximá-los porém as diferenças criam barreiras tão imensas que parecem intransponíveis. Da mesma forma que se dá com pessoas fora dos laços. O fato de pessoas se agregarem sob a mesma árvore genealógica ou laços de sangue não os faz necessariamente ligados "essencialmente".
Toda criatura tem características físicas que se encaixam em modelos pré estabelecidos como: cabelos castanhos, loiros, pretos, olhos azuis, verdes, alto, baixo, voz suave, voz grave, pernas alongadas, dedos curtos, assim por diante; por essas características físicas poderíamos criar imensos grupos. Se afunilarmos as especificações, os grupos vão ficando menores e mais seletos, e a medida que filtramos as particularidades percebemos a singuraridade do ser humano.
Quando comparamos pelos gostos, pelas profissões vamos encontrar pessoas com similaridades, agindo na mesma sintonia vibracional, ainda que diferentes; guardam semelhanças entre si se ligam por interesses, atração de pensamentos e afinidades. Dizemos que essas pessoas fazem parte da mesma família de almas, mesmo sem um único laço sangüíneo.
Mas o criador foi mais além, porque ele fez de cada criatura uma única essência indivizível que não se perde de si e não se plasma em outra essência. Por que? Porque cada um tece a sua própria essência de acordo com os fios das suas existências, ou seja, se cada um de nós é um espírito e se os espíritos são imortais vão agregando em si características que formulam a sua essência divina.
Partindo do princípio de que o criador soprou uma essência individual em cada criatura, a partir de sua própria referência e a colocou no mundo para que fizesse a espécie evoluir, espera-se então que essa criatura  possa descobrir-se a si mesma e contribuir para que o seu semelhante da mesma forma possa se reconhecer e juntos voltem para a essência criadora.  Qual seria então o ganho dessa viagem de ida e volta?
A vivência do aprendizado, o prazer do conhecimento, a apuração da espécie e principalmente o polimento do espírito e o refinamento da essência.
Depois de ler todas essas considerações: Você não reconhece em si mesmo a preciosidade da unicidade da essência divina?
 
Pode ser só um argumento tosco, pensado e escrito por uma cabeça cheia de invenções, mas pode também ser mais uma intuição da minha essência divina transcrita em sintonia com a minha família universal de almas pensantes.
 

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O ódio mora dentro do amor


Já se falou muito da linha tênue que separa o ódio do amor, e sempre nessa ordem; o ódio pode ser um amor camuflado, mas eu ainda vou além; o amor assumido  também pode conter uma grande carga de ódio.
Parece estranho dizer que um ódio intenso possa ser sinal de amor, e é, na verdade quando não se quer admitir o amor, ou quando admitir o amor pode soar como fraqueza, o ódio surge como a alternativa mais óbvia.
E quando o amor de tão grande chega a odiar?
Não parece haver explicação, só não parece. Embora o amor seja entendido como sendo o mais perfeito dos sentimentos, o mais puro, o mais nobre, ninguém ousaria maculá-lo com uma pitada de ódio, mas só quem ama imensamente pode também odiar imensamente.
Esse ódio advindo do amor pode vir da vontade de desamar, do desejo de não ser amado.
Veja, não falo do amor mascarado de ódio, falo do amor declarado que consegue ser amor o tempo todo, mas que mostra o veneno do ódio simultâneamente; porque só quem consegue amar incondicionalmente consegue na mesma sintonia amar e odiar sem que um sentimento mate o outro.
De repente a gente não entende como consegue odiar se o amor está ali presente o tempo todo, e é isso que é o mais fantástico no ser humano; o antagonismo que desarvora, deixa sem chão e sem explicação.
Entender e identificar essa bifurcação de sentimentos não é muito fácil, exige uma ausência total de pesos na balança tanto do amor como do ódio. É preciso refletir exaustivamente até encontrar a raiz de ambos e identificar para onde convergem e só então se pode sentir que mesmo que andem paralelos um não implica na diminuição do outro; nem o ódio é abrandado pela identificação do amor presente, nem o amor é capaz de dissipar o ódio temporário.
Nesse caso supra citado, o ódio sempre é sazonal, ou não poderia abrigar o amor constante porque estou tratando de amor verdadeiro, maduro e completamente instalado.
Não se corre o perigo de o ódio suplantar o amor, ele pode por algum tempo se expandir a ponto de esconder o amor, fazê-lo esquecido. Matá-lo não; a menos que razões mantenham o ódio em evidência por muito tempo e não sobre espaço para o amor mostrar sua face, ainda que em flash's. Mesmo que o ódio se instale definitavamente, no fundo ele trará lembranças amorosas até que elas se apaguem inexoravelmente, mas até que isso aconteça é preciso que haja mais motivos para odiar que amar.
De todos os sentimentos o amor e o ódio são os mais difíceis de explicar. Não é como a saudade que sabemos de cara identificar, a dor da perda que é pontual. O amor as vezes é confuso, o ódio também as vezes é confuso e muitas vezes eles trocam de lugar inadvertidamente deixando-nos perdidos e sem razão.
Falar de amor e ódio pode ser tão complicado como é para um leigo falar de Ciência, ainda assim é mais fácil falar das coisas que sentimos e percebemos do que das coisas que jamais experimentamos ou temos conhecimento acadêmico.
 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Eu sou, mas quem não é?

Em algum momento da vida, seremos ridículos. Não tem nada a ver com postura, com a maneira de ser ou com o que se fala, tem muito mais a ver com o que as pessoas ao nosso redor vêem ou sentem de nós ou na nossa presença.
Nós, humanos, temos por hábito observar o outro buscando encontrar nele alguma característica que nos diferencie dele, ( sempre nos achamos melhores) muito mais com o intuito de ridicularizar o outro, do que livrar a nossa cara, sem sequer entender que muitas  vezes o que vemos é só um reflexo do nosso próprio espelho.
Não basta ser uma pessoa vivida, nem ser jovem, assim como não faz a menor diferença ter posses ou não, ser só ou acompanhada de uma multidão; onde estiver um ser humano haverá sobre ele olhares perscrutadores, mesmo que não se perceba e entre esses olhares, pelo menos um é acusador.
Não faz a menor diferença ser analfabeto ou letrado, em algum momento da vida alguém achará você ridículo. Você pode ser a pessoa mais segura, mais despreocupada com a opinião alheia, ainda assim se chocará ao saber que foi tachado de ridículo.
Nunca estamos preparados para receber essa acusação e mente quem diz que está.
Por mais que a gente se policie para não dar motivos, damos! Muito mais do que "dar" motivos, escorregamos; seja no comportamento, seja na fala, no gestual ou até na maneira de encarar a vida e até na maneira de viver. É! Podemos ser ridículos até no viver.
Mas por que somos ridículos? Quando por alguma razão discordamos da maioria. Quando não nos preocupamos em seguir os padrões. Quando temos nossa maneira própria de pensar e agir sem nos incomodarmos se isso fere as normas estabelecidas.
Ser ridiculo pode ser a maneira como o outro vê você. Ou como você se mostra. Depende de como você aceita e encara ser chamado de ridículo.
Ninguém gosta de se sentir ridículo ou ser ridicularizado, principalmente se for em público. Porque ninguém gosta de passar recibo de alguma coisa que ele mesmo não acha que é. Ou alguém aceita que é patéticamente ridículo sem se sentir magoado?
Cometer um ato ridículo, rir de si e se deixar ser motivo de riso  por esse ato falho, é uma coisa, outra bem diferente é você ser rotulado por esse ato como sendo uma pessoa ridícula.
Ridículos todos nós somos em algum momento, pagamos pau sim! E não adianta fingir que você nunca
deu um vexame, porque se você não se lembrar alguém certamente o fará por você.
Fato é que cometer atos ridículos, falar coisas ridículas ou parecer ridículo é um vexame do qual ninguém pode escapar, mesmo que se negue encarar a verdade por esse prisma, coisa que o outro não perdoa.
Ninguém perde o brilho por um evento ridículo isolado ou até por algum deslize, não se pode afirmar que alguém seja ridículo porque se deixou flagrar numa situação patética, mas ainda assim esse alguém vai  ser sempre muito melhor lembrado por uma situação eventual de vexame do que pela sua melhor performance.
Assim somos nós; meros humanos. Mais fácil apontar para o nosso vizinho do que olhar no espelho.
Antes procurar no outro o que ele tem de mais feio, mais ridículo,  assim escondemos o nosso feio pezinho de pavão, né não?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Desapego - Está mais do que na hora

Sentada defronte a um suculento prato de macarrão ao pesto, meu pensamento vagueia. Não a fome não se foi, só o pensar em quem não teria o mesmo prazer de saborear uma comida gostosa me deixou por instantes pensativa.
Na verdade é quase um exercício repetitivo, em quase todos os momentos eu deixo de pensar em mim para pensar no que vai pelo mundo; não que eu seja assim tão desprendida ou generosa. Sou tão egoísta e centrada no meu umbigo quanto a maioria, porém estou tentado mudar, gastando algum tempo para reflexão tentando me desligar dos fios invisíveis que me prendem aos bens materiais, as pessoas ( também!) para que na hora certa eu possa seguir sem me preocupar com o que deixei pra trás.
Mas, é muito mais do que isso, perder o que se conseguiu até com sacrificio para alguma circunstância é quase certo, mais importante que desapegar de um móvel, um quadro, um aparelho qualquer é aprender que só se abre oportunidade para que coisas novas entrem nas nossas casas e vidas quando aprendemos que elas são transitórias e estão emprestadas a nós temporariamente.
Quando eu abro mão de algum objeto sem ficar me lamentando, estou na verdade abrindo espaço para que outro melhor e mais novo entre no seu lugar, ao passo que; quanto mais me apego e protejo meus pertences, mais eu me torno egoísta e quanto mais eu me preocupo em ser roubada ou perder esses objetos, mais eu estou dizendo ao universo que eu quero perdê-la inexorávelmente.
Eu me torno avarenta e meu medo me faz uma vítima em potencial. O que ocorre é que ao invés de eu deixar livre meus objetos e querências para que o universo se incumba de trocá-lo por outros mais novos e eficientes, eu os seguro firme e não permito que as leis assim se cumpram porque  quando eu impeço que as energias circulem de forma adequada eu quebro a lei e abro brechas para que o oportunismo aja contra mim.
Nada que eu tenho no momento é meu e não vão ficar para sempre comigo; tudo quanto tenho está me servindo nesse momento. Não serei escrava de nenhum objeto que me impeça de seguir meu caminho ou de abrir espaço para que a troca seja feita.
E pensando dessa maneira eu ajusto meus ponteiros com o universo; da mesma forma que eu aceito as leis regentes eu entro em sintonia com ele. Quando eu conseguir estabelecer um padrão de energia afinada que vibre na mesma energia cósmica; minha troca com o Cosmo será descomplicada porque no dia que eu atingir essa meta, terei a consciência de que sou imortal e que tudo que vejo em 3D hoje, são meras ilusões, portanto nada se perde e nada se ganha. O que nós, enquanto seres viventes dessa dimensão precisamos são muletas que enganam o Ego, aparências para que outros egos vejam que possuimos ou pensamos ter.
Portanto, tudo que eu preciso é entender o meu próprio ser e deixar que ele busque suas necessidades além das quinquilharias que se quebram ou se perdem nessa dimensão. Preciso dos aparatos para viver aqui, mas não vou me encarcerar para sempre numa dimensão limitada.
Mais importante que aprender a ser gente é aprender a ser imortal. Não como gente, como espírito porque a carne também é uma muleta para essa dimensão.