segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

**Made in China**


 
- Como pode ser tão baratinhas essas luzinhas? E essas bolinhas, esses enfeites?
- Vou comprar presentes nas lojas de 1,99.
 
Não tem coisa melhor do que comprar um monte de coisas com pouco dinheiro, e as possibilidades são infinitas quando se entra numa dessas lojinhas de chineses ou coreanos que se multiplicam da noite para o dia nas cidades. Eles mal falam a nossa língua, mas contabilizam uma grana alta revendendo produtos "made China". São tantas quinquilharias que os olhos de qualquer um, brilha.
Eu imagino como é para uma criança entrar numa loja dessa onde tudo chama a atenção e imagino que se na minha juventude tivessem dessas lojinhas eu gastaria lá todo meu salário.
Há algum tempo, não muito, meu irmão mandou algumas coisinhas dos EUA pra mim e pasmem a maioria das etiquetas era "made China", eu achei estranho, mas não me deti no assunto. Hoje eu vejo que tudo pode que se comprar mais barato é "made China", e a gente pensando só no nosso bolso e na economia que vamos fazer corremos pra comprar nas lojinhas de 1,99 tudo que conseguimos e encontramos por lá, e até o que não precisamos, porque quando a gente entra nessas lojas, o preço chama atenção assim compramos até o que não precisamos, compulsivamente.
Muitos países deixaram de fabricar alguns produtos porque ficou difícil concorrer com os chineses, outros até terceiram produtos da mão escrava chinesa para se livrar além da concorrência também das despesas trabalhistas, e a China, aquele país imenso amontoado de gente trabalhadora, subserviente ao regime vai inundando o mundo com suas quinquilharias, luzinhas, brilhos de Natal ...e roupas, calçados, eletroeletrônicos, informática; muita falsificação que faz o povo ocidental feliz... 
Eu li outro dia uma crônica que me deixou preocupada; enquanto nós vamos economizando, fazendo a festa com os 1,99, os chineses escravos continuam aumentado seu PIB, fabricando cada vez mais e exportando ferozmente para o mundo.
Nós estamos alimentando a escravidão de um povo que vai se tornando a nação mais poderosa do mundo; ela vai fechando as grandes indústrias pelo mundo e detendo cada vez mais o know all de fabrico. Alguns produtos agora, só se encontra "made China"  e aos poucos vamos delegando a eles a industrialização, enquanto importamos e pesamos na sua balança comercial.
É confortável pelos preços convidativos. Sequer pensamos que atrás de um produto está a condição escrava de muitos chineses que ainda estão felizes  por terem esse trabalho para viver, mesmo que mal.
 
Imagine que amanhã ( daqui uns 10 anos mais ou menos) a China resolva, deixar de cobrar baratinho pelo seus produtos e coloque o preço real. Estaremos todos nas mãos do grande dragão vermelho que estamos alimentando a custa de matar as nossas indústrias, tão tributada e tão desvalorizada. Perderemos a capacidade de produzir porque não teremos mais mão-de-obra preparada para produzir e porque preferimos ficar na zona de conforto de comprar baratinho dos chineses e coreanos que trabalham em silêncio e vão crescendo assustadoramente.
Com uma população obediente, servil, com recursos de um país muito bem capitallizado, inteligente e que afronta até o dólar que foi sempre a moeda mais forte do mundo, a China está prestes a ser a maior potência do mundo e comandar a economia de nosso país.
Estamos alimentando e mimando um dragão vermelho que não sabemos como vai se comportar quando resolver soltar fogo pelas ventas.
A propósito; Você já deu uma olhada pelos etiquetas e rótulos dos seus aparelhos domésticos e enfeites?
 
 

sábado, 6 de novembro de 2010

Liberdade

É muito fácil falar em liberdade, é fácil pregar a liberdade, mas será que sabemos usá-la?
O que você estende por liberdade pode não ser exatamente o que pensa a maioria das pessoas, eu por exemplo, acho que liberdade é o direito de ir e vir, de me expressar e agir, entretanto nem sempre a liberdade que eu procuro exercer na minha vida agrada as pessoas ao meu redor.
Existem regrinhas importantes e nem sempre seguidas; quando eu exerço a minha liberdade não posso desconsiderar as pessoas à minha volta, porque se ao exercer a minha liberdade eu ferir as pessoas não estarei usando a minha liberdade com responsabilidade.
 
A condição suprema de exercer direitos implica em assumir  deveres,
 
Fala-se muito, briga-se muito pela liberdade seja a que preço for, parece que virou um modismo desenfreado proclamar liberdade sem a dimensão exata do que essa simples palavrinha quer dizer. Ninguém desembainha uma espada e dá um grito de liberdade ou sai por aí atropelando os outros para ser livre.
Liberdade se conquista palmo a palmo e só a conquista quem sabe o seu valor.
Liberdade não é um prêmio para egoístas, não é um presente por bom comportamento.
Ninguém que tem o desejo de ser livre sai por aí pisoteando nas regras, ao contrário; quem deseja ser livre luta honestamente para reverter o que não acha justo e luta com armas sensatas, argumentos irrefutáveis, e se as regras são injustas luta-se para modificá-las. Regras constroem a sociedade, as comunidades, lutar para torná-las justas e humanas é correto, desafiá-las não.
 
Mesmo nas jornadas mais difíceis e longas não há que se jogar sujo, porque liberdade não combina com corrupção, não combina com armações, não combina com preconceito e muito menos com falta de orientação. A liberdade vem com a maturação, porque sempre que ela vem sem amadurecimento ela se perde do seu verdadeiro ideal
 
Demos um salto muito grande de gerações em muito pouco tempo, nesse interim abriu-se um rio de liberdade e ao que parece não estávamos preparados para usá-la; metemos os pés pelas mãos, pais se perderam na hora de educar os filhos esquecendo que impor limites também é saudável, educar não é liberar de vez, é saber dosar.
Vamos aprender, mesmo que isso ainda doa muito, não devemos retrosceder, mas olhar adiante com olhos de ver.
 
Liberdade é um bem precioso se usado com responsabilidade, afinal liberdade não é sinônimo de libertinagem.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A complexidade do desamor


Ao invés de festa e boas energias, vemos por todo lado pessoas ainda iradas destilando sua arrogância, seu ódio adormecido.
De onde vem tanto ódio, tanta prepotência? Seriam alguns menos brasileiros que outros?
Quem pregou e alardeou diferenças entre as pessoas, por raça, cor, crença, região ou preferências sexuais?
Por ventura os DNAs de algumas pessoas é gravado com algum metal precioso? Será que trazemos nas nossas certidões pedigree como nossos cães?
Conseguiremos ser melhores que os nossos animais de estimação?
Nascemos todos de um mesmo e igual ato físico, que na maioria e esmagadora das vezes é um ato amoroso, portanto somos, em tese, portadores de amor para o mundo. O que na prática não se realiza.
O que então daria direito a algumas de se autoproclamarem melhores do que as outras? Com que direito algumas pessoas se entitulam como os verdadeiros herdeiros de uma linhagem pura, poderosa e dona da verdade?
Esquecemos que diante do espelho não conseguimos repetir nem a metade do que pregamos diariamente; a menos que desviemos dos nossos próprios olhos.
Temos de nós mesmos uma imagem muito condescendente por isso mesmo defendemos com unhas e dentes nossas posições mesmo quando contrariados, muito mais pelo orgulho de não reconhecer o erro e pedir desculpas, do que mudar de opinião.
Nós humanos somos complexos e complexados, assim o medo do confronto do nosso eu sem máscaras com o nosso eu fachada, nos deixa confusos e amedrontados. Para fugir desse confronto sempre angustiante, quase sempre mentimos para nós mesmos o que faz de nós eternos fingidores.
É claro que a nível consciente nem sempre sabemos separar o que acreditamos verdadeiro e o que é realmente verdadeiro, nesse emaranhado acabamos sabotando a nossa inteligência, nossa saúde e nossa posição diante do mundo.
Na dúvida é melhor calar, refletir para não ter que continuar semeando inclusive em nós mesmos e naqueles que nos rodeiam o desamor e a angústia de não se sentir amado e não saber amar.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Líderança

Quem se reconhece como líder dentro de seu círculo?
Quem não o é, certamente é liderado, porque só há dois tipos de indivíduos; o que lidera e o que é liderado. É fácil perceber; o que lidera é o indívíduo que gosta de pensar, costuma criar, organizar e sempre está se movimentando em busca de novidades, o liderado é aquele que prefere seguir a maioria, seja por preguiça mental, incapacidade ou em última análise, por circunstância.
O líder mormente nasce com a capacidade de liderar e se percebe desde os pequenos grupos e a medida que cresce percebe que pode expandir a sua liderança; é assim que nascem os grandes ícones que fazem a diferença, outros vão se reconhecendo ao longo da vida, embora já tenham nascido com essa capacidade. Alguns não conseguem sair do seu pequeno círculo e só imprimem sua marca na comunidade onde atuam, ou na família; dentro desse espaço ele pode nem perceber, mas é requisitado e sua opinião e decisão pesa para os que estão ao seu redor.
Ser um líder não quer dizer necessariamente arrastar uma multidão, pode-se exercer a liderança em pequenos grupamentos, porque onde houver agrupamento de pessoas sempre haverá alguém em que se deposita maior confiança ou a quem se delega maior poder para agir, decidir ou falar em nome de outros.
Quase todos os indivíduos que são líderes tem um ídolo, um modelo em quem se espelham ou se inspiram, porque é através da admiração que o indivíduo resolve representar seus pares.
Os indivíduos que tem um grande poder de liderar e arrastam consigo multidões, tem uma boa oratória ou são carismáticos, ou os dois. Entre eles há os que trabalham em prol do bem e os que trabalham para o mal. O homem tem a natureza corruptível e está sempre balançando entre o bem e o mal, por esse motivo é que alguns quando líderes se perdem dentro do poder que lhes é confiado e acabam se tornando déspostas.
Há o contraponto; indivíduos que adotam posturas sérias e trabalham em função do bem estar do outro porque isso lhe apraz, são esses os líderes que trabalham na seara do bem, justificando a sua condição de líder da forma mais ética.
O mundo carece de líderes para caminhar à frente, precisa daqueles que abracem carreiras de comando, de poder para conduzir as populações, também precisa dos que aceitem ser comandados para que pacíficamente possam conviver em prol de um mundo melhor.
Não quer dizer que os comandados não possam ser pensantes, que deleguem os seus poderes aos líderes sistematicamente; pois isto lhes tiraria o direito de sequer reclamarem quando se sentem insatisfeitos.
Os grandes líderes precisam dos líderes de comunidades, de círculos menores para dialogar com eles; pois esses são os representantes legítimos dos anseios da comunidade. No momento em que as pequenas comunidades não tenham representantes a altura de representá-las as necessidades dessa comunidade já não são respeitadas, ou quando o líderes das comunidades pensam mais no aumento do seu poder e não em representar as suas comunidades, essas também deixarão de ser atendidas.
Quando não há entrosamento entre liderados e líderes, ambos não falarão mais a mesma língua e os direitos e deveres acabam sendo desrespeitados.
Cabe aos liderados terem opinião formada do que desejam que seus representantes mais próximos conquistem junto às lideranças maiores, assim como cabe a eles acompanharem de perto e cobrarem, como forma de garantir a realização e exercerem o seu direito de requererem o cumprimento de promessas.
No entanto há o cansaço daqueles que preferem se abster de pensar, de lutar, há os que preferem ser tutelados, delegando às grandes lideranças a guarda das suas escolhas, indivíduos que se acovardam por comodismo e permitem que disponham de suas vidas, suas terras, seu dinheiro seguindo como gado de um rebanho.
Nem sempre liderar é o melhor papel, porém, alienar-se certamente é o pior papel que o indivíduo pode exercer na sua vida.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Quebrar Elos


Quebrar laços é muito difícil visto que nós seres humanos necessitamos constantemente de companhia, de vínculos. Não sabemos viver só, mesmo quando queremos, é fato que temos nossa necessidade de privacidade sim, mas carecemos de um ombro para recostar, ou simplesmente alguém para sabermos que está ali, numa eventual necessidade.
Mas laços só permanecem importantes quando são laços firmes, constantes, não há como manter um relacionamento unilateral, ou superficial, ou ainda quando desse vínculo não geram frutos; de amor, amizade, companheirismo ou simplesmente de uma troca espontânea de carinho. E ainda que num encontro de pessoas possa haver um conhecimento mútuo, uma convivência tolerável, isso não significa que os laços se mantém firmes, nem significa que hajam laços. Para que se possa haver ganho dos dois lados, é importante que haja troca, a partir do momento que a troca não mais acontece, o relacionamento, fenece, inexoravelmente.
Todo relacionamento, por mais casual que possa ser, sempre deixa marcas, sempre estabelece alguma confiança, e invariavelmente não assinala algumas metas, ou não traça planos. Seja em que campo for, um relacionamento sempre nos trás algum crescimento, pois dentro deles aprendemos muito mais sobre o ser humano que somos ou o outro, seja daquele que difere de nós, ou daquele que se assemelha a nós, podendo nos afinizar com um e com outro com a mesma intensidade, dependendo única e exclusivamente do quanto se doa e do quanto se recebe.
Alguns relacionamentos deixam marcas mais profundas, outros passam e nos deixam ilesos. Das marcas que vincam nossa alma, algumas apagamos com o tempo, outras nos acompanharão pra sempre, variando da intensidade e da profundidade que elas foram tatuadas em nós.
É certo que para relacionamentos mais longos haverá muito mais marcas para se questionar, do que num relacionamento temporário, mas não se deve pensar que sejam menos importantes umas das outras, porque ao seu tempo cada uma delas teve a sua importância, e só saberá dimensioná-las que as tiver, mais ninguém.
Pensando assim, concluo que quebrar elos, é sempre muito complicado, e para tanto é preciso se munir de muita energia, é preciso rasgar mesmo o peito, deixar doer até os ossos.
Para renascer é preciso antes morrer.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ego ou Eu social

O meu reflexo humano nem sempre representa o que meu eu gostaria de dizer, já que ele quase sempre usa e abusa da imagem mais imediata de mim, ou a que o mundo espera de mim: meu ego.
Não é tarefa fácil conseguir passar de si só a essência pura, a que traz o melhor perfume; seria ela a nossa melhor apresentação ao mundo; faria com que as pessoas nos conhecessem a intimidade dos pensamentos, os sentimentos e as emoções sem máscaras, porém o medo de não sermos aceitos, aquele medo da rejeição por sermos diferentes dos nossos pares fazem com que automaticamente o nosso reflexo busque socorro no nosso eu social, o que se exibe na superfície mostrando unicamente o que interessa para ser aceito.

O eu social é uma invenção do homem por ele temer não saber ser verdadeiro o tempo todo, ou por temer não ser aceito como verdeiramente é. Lidar com uma rejeição ou outra até não é muito complicado, mas não ser aceito nos círculos em que convive é muito difícil para o homem que tem a natureza gregária. E justamente para não se sentir diferente dos seus pares, inventou o eu social que lhe apresenta ao mundo de forma polida ( no sentido do belo) mostrando um eu sempre limpo e apresentável sem que a verdade do seu eu essência nem sempre tão belo e limpo empane a apresentação desejada.
A essência quase sempre é uma desconhecida porque o mais importante acaba sendo passar o eu social, que acorda e dorme diante do espelho de si mesmo matando irremediavelmente o melhor de cada um, ou seja, escondendo a essência. A verdade inalienável que se esconde sob o manto de falsa socialização, muitas vezes nem é compreendida de tanto ser ocultada, muitas vezes até de si próprio.

Entrei em contato com minha essência quando me percebi como pessoa por inteiro, até então sem saber se era minha face oculta ou se loucura. Cheguei a imaginar que eu era uma fraude de mim mesma, até me compreender como uma pessoa em muitas nuances e uma essência bruta que nem sempre sabia penetrar.

Muitas pessoas se descobrem quase por acaso, outras porque se buscam incessantemente e outras passam a vida toda sem se conhecerem de frente, sem saberem quem verdadeiramente são. Não é falso o sujeito que se mistura e nunca sabe quem é o seu eu social ou a sua essência, não passa de um sujeito incompleto e confuso; porque ora ele apresenta um, ora apresenta outro sem ao menos entender conscientemente porque o faz, mas sem dúvida ele apresenta da porta pra fora o seu eu social (ego) e muitas vezes o faz também dentro de casa a maior parte do tempo sem perceber a confusão entre um e outro.

A essência pode ser algumas vezes só expressa através da arte, sem que o sujeito o faça intencionalmente, por mais que o sujeito se esconda atrás do seu eu social, quando ele cria quem na verdade está criando é a sua essência, o seu eu real; e é essa a verdadeira arte, a que emociona, se assim não for é porque a arte não é arte e sim uma obra técnica sem a participação da essência; uma pseudo arte criada pelo eu social para envaidecer mais ainda o ego. Certamente não emocionará.

O veneno do homem está no seu eu social ( ego) que nunca está satisfeito consigo próprio e se sufoca de traumas e somatizações para agradar e para se sobrepor, especialmente num mundo competitivo como é o mundo moderno, esquecendo-se completamente de desvestir as máscaras diárias para se encarar de frente, aceitar suas limitações, frustrações e conviver com elas sem se agredir ou se culpar por não conseguir atingir o topo alto que se impõe, seja no plano da apresentação pessoal ou financeiro.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Fractais

Solto as rédeas do pensamento e deixo que ele voe para onde lhe convier, já não sou a mesma desde que amanheceu, hoje eu não posso mais conter nesse pequeno pote a vida que tenho e a que quero.
Joguei os anéis, livrei-me das roupas apertadas, só quem me acompanha sem escolha é minha sombra.
Sustento meu eu quase físico porque esse, miro no espelho e dele preciso para me mover entre os espaços limitados por onde eu sobrevivo enquanto vivente; meu eu subjetivo não alcanço mais de tão longe que sei estará e rindo da pequenês do meu bobo aglomerado atômico.
Não sei se quem escreve é o meu eu mais presente ou o eu pensante, certamente não é o eu que me espia. Talvez o meu eu presente seja a minha pior apresentação, apesar de bem articulado e um resultado de experiências tantas que aos poucos o tem lapidado.
Desmembrando minhas porções existenciais descubro que nem sempre meu eu mais pensante consegue interagir totalmente com o meu eu mais presente, o que se comunica e transporta para o mundo real as intrincadas relações existentes no mais recôndito de mim.
Reconheço-me em muitas facetas, sei-me em muitas nuances e em tempos que não retenho nas mãos já que ele não se mede em ponteiros. Hoje já não consigo mais juntar as partes soltas que descobri em mim; visto-me das pessoas que tenho nas algibeiras porque essas pessoas fractais me servem de roupas adequadas nada mais.
No espelho de mim, visto-me das certezas de ser para encarar a certeza dos meus passos, não há espaços vazios, desconhecidos sim, vazios; nunca.
Meu eu infinito, aquele que engloba a minha verdadeira essência mora no altar das divindades, já que como essência é divina e forjada a semelhança do Criador, é a porção que nem o meu eu mais sutil alcança. A distância que separa o eu bruto do eu infinito é puramente física para os meus olhos.
Muitos encaixes me contêm, muitos moldes se ajustam a mim e só me reconheço nessa malfadada
carcaça, embora sinta as múltiplas dimensões que me cercam. Talvez tenha sido talhada para enxergar
essa imagem unidirecional refletida e chapada sem questionar, mas eu vou além; tateando pelo escuro, sentindo as sensações, cheiros, volumes e pensamentos que reconheço volitando no meu entorno até descobrir que não me caibo mais nessa meia verdade que o mundo aceita de mim.

segunda-feira, 22 de março de 2010

A essência de cada um pode mudar?

As vezes me pego pensando se não seria melhor ter nascido longe dos livros e sem essa enorme curiosidade que me move. Quanto mais eu enfio a cara nos livros, mais e mais as dúvidas me assaltam. Quanto mais eu me pergunto, quanto mais eu reflito, mais eu me deparo com perguntas e mais perguntas que não sei as respostas.
É angustiante querer entender e não saber por onde caminhar para descobrir. Aceito, na maioria das vezes, a minha própria definição ou as minhas deduções. Não que não existam respostas, claro que elas devem estar por aí, certamente muita gente já se perguntou, estudou, definiu e ficou satisfeito com suas buscas, eu porém, vivo às voltas com dúvidas imensas, querendo compreender os mecanismos humanos. A observação me ajuda muito, mas não responde a questões que em dados momentos me parecem cruciais e até existenciais.
Se olho para o lado espiritual e até pragmático eu creio que somos todos constituídos por vários corpos vestindo um espírito que é imortal. Bem, se somos espíritos imortais vestindo ao longo dos anos e séculos corpos carnais isso quer dizer que a nossa essência é sempre a mesma, e o que nos diferencia no mundo e nas inúmeras vidas é a círculo em que nascemos, as condições financeiras, sociais, o país, o sexo etc. Enfim respondemos aos estímulos do meio em que vivemos.
Nos é ensinado nas religiões ou doutrinas que creêm no reencarnacionismo que a medida que encarnamos vamos queimando karmas e com isso polindo nossos espíritos, por outro lado outras doutrinas crendo em uma única vida também pregam o desenvolvimento espiritual , a melhora individual de cada ser humano para a eternidade, e aqui a crença também é na eternidade do espírito, ainda que com uma única vida.
Posto isso eu me pergunto: Se a essência é a mesma, se o espírito tem ali em seus registros uma natureza própria e única; como pode ele evoluir sem se perder da sua essência?
É claro que eu acredito, ou quero acreditar no progresso do espírito, mas fico ainda com a impressão de que não se pode mudar totalmente a natureza intrínseca porque esse é o molde no qual ele foi constituído.
Um espírito que traz na sua essência qualidades não vai perdê-las ao longo das sucessivas encarnações porque elas são inerentes ao seu espírito que é imortal. E um espírito que tem desvios de conduta, má formação de caráter será que evolui a ponto de não vacilar nunca mais ou não cair na tentação de fazer uso destes desvios?
Bem, para complicar um pouco mais vamos pensar no seguinte, nos seres humanos encarnados a essência seria o id de cada um, o inconsciente, a parte da psiquê que não temos acesso por livre e espontânea vontade, mas que está lá guardado dentro de nós. O ego é outra partição da psiquê onde estão os pensamentos, comportamentos, a forma e imagem que nás passamos ao mundo de forma consciente . Enquanto o superego é o nosso eu ideal, é aquele policiado por nós, onde só mostramos o que é políticamente aceito e correto.
Visto isso eu imagino então que o id é a nossa mais pura essência já que ela não depende da nossa vontade e está lá no inconsciente; então ela seria a essência pura do espírito com qualidades e defeitos. Agora, se o nosso ego é a a parte consciente, a que mostramos ao mundo, certamente ela terá a influência do id porque ele é a essência do sujeito, encarnado ou não, ainda que ele sofra a influência do meio e o seu espírito esteja sob o efeito do esquecimento de si próprio para a encarnação presente.
E olhando para esse ponto, sem atentar para o lado evolutivo pregado nas doutrinas, ou seja, uma visão puramente racional, eu não posso imaginar um ser humano que traga na sua bagagem espiritual defeitos e qualidades não permitir que elas aflorem, porque certamente elas vão influenciar o seu ego em algum momento.
Estaremos irremediavelmente condenados a não nos livrar da nossa essência se ela nos for perniciosa? Sim, porque a todo momento ela vai aparecer de alguma forma e influenciar comportamentos e ações?
Vamos pensar num espírito que tem hoje por volta de mil anos ( supondo apenas), ele que tem a sua essência imutável ao longo de muitas existências, esteja vivendo encarnado nos dias de hoje, pergunto:
Será que ele é melhor hoje do que era quando foi concebido como espírito?
Não contando com benécias que as doutrinas pregam, olhando pura e simplesmente para uma sucessão de experiências carnais. Teria esse espírito (encarnado nesse momento) evoluído só através das experiências, de erros e acertos, pura e simplesmente?
Não traria esse espírito ranços de sua essência apontando em alguns momentos dessa encarnação, já na 14ª ( mais ou menos) existência carnal, em mil anos de vivências tantas?
Seria o seu ego um manipulador eficaz a ponto de esconder uma essência que não conseguiu se polir ao longo de mil anos de seguidas ingressões carnais?
Se nós não podemos mudar a nossa essência, como então pensar que atingiremos um ponto mais alto pregado em tantas doutrinas? Ou para atingir a nossa melhor condição espiritual visualizando um mundo de seres perfeitos?
Eu entendo como essência o espírito conforme concebido originalmente; com qualidades e defeitos.
É ponto pacífico pra mim, que somos energias imortais, dando-se à ela o nome que for, espírito, alma ou o que for. E pensando assim, não consigo ver saída para esse embate; se concebido sem perfeição, pois assim o sabemos, como querer consertar em uma existência o que é inerente em cada uma dessas energias: a sua essência!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Teoria do Pensamento Caótico

A Terra se movimenta constantemente e nem por isso chega a incomodar, já que não percebemos como é estar à bordo dessa enorme embarcação que navega pelo espaço, mas eis que ela agora anda tremendo tanto que anda deixando aflitos os seus passageiros.
Não sei se chegamos a meia idade de Gaia ou à velhice, pois ela anda tendo ondas de calor ( fogachos??) e ondas de muito frio, neve e chuvas torrenciais que mais se parecem com um período pré-diluviano. Será que a Terra está zangada?
Abaixo e acima de nós existem mistérios que por mais que a ciência estude, não pode explicar porque não alcança. Não é dado a nós que somos um nada diante da infinitude em que vivemos conhecer todos os mistérios do universo.
Tenho cá comigo que o magma que se movimenta dentro da Terra, essa massa quente que dá consistência ao nosso planeta, anda mais agitado que o normal e arrisco a dizer que mais quente também. Vou chamar essa teoria minha de "Teoria do Pensamento Caótico"; é óbvio o título não?
Com o magma se movimentando mais enérgicamente, fica mais aquecido e consequentemente libera mais energia o que faz com que as águas dos oceanos fiquem mais aquecidas e produz o movimento mais constante das placas tectônicas. Essa energia nas falhas das placas onde estão pipocando terremotos constantes também estão em conjunção com os fenômenos acima de nós; como o ciclo solar que tem tido ejeções gigantescas de plasma.
Seguindo essa linha de pensamento; já prevejo uma temporada de vulcões acordando por conta da energia espetacular desse magma.
Além das minhas deduções e dos flares do Sol, se fala por aí que a o nosso sistema solar está atravessando um cinturão de fótons que circula a estrela Alcyone, e que isso pode e vai ocasionar mudanças no nosso planeta.
Isso sem contar com outras inúmeras "teorias" que são despejadas na net todos os dias, algumas querendo ter teor científico e outros, teor religioso e profético.
Como então não ler toda essa gama de informações e criar a nossa própria teoria?
Mesmo sendo apaixonada por astronomia eu nunca aprendi tanto sobre a Terra, o Sol e seus fenômenos como tenho aprendido nos últimos anos, porque tenho me sentido compelida a estudar, pesquisar e ler para não pirar.
Estou dentro dessa nave chamada Terra e tudo que acontecer à ela, certamente me atingirá, seja para melhor ou para pior; por isso me dou o direito de viajar nas minhas teorias, porque afinal de contas sou mais uma pessoa perdida dentro desse tiroteio de informações que bem caracteriza essa era da globalização.
Pode ser tudo uma grande viagem, mas pode ser tudo a mais pura verdade, quanto a nós pobres mortais só saberemos quando o bicho estiver pegando; ninguém vai dar alerta como os alertas de tsunamis, e ninguém vai ver nos telejornais nenhum anúncio de tragédia, seja pela aproximação do Planeta X, seja pra se segurarem porque a Terra está mudando sua órbita ou coisa que o valha.
Uma coisa é certa: Apertem os cintos porque o piloto enlouqueceu!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Ditadura? Censura na Internet?


Tem sido enfático os artigos que recebo falando da volta da ditadura, e eu não consigo achar lógica nisso, pq eu não acho que possa voltar um regime desses depois da experiência que o Brasil tem com a democracia, ainda que meio capenga, até pq já foi demonstrado das mais diversas formas que isso não tem futuro e em todas as nações que tentaram sobreviver com esse regime. Não somos uma republiqueta de bananas ora bolas!
Eu ouço o Olavo dizer que a massa intelectual desse pais está falida e inexoravelmente sem perspectiva e que o Brasil está a um passo de se desmanchar, mas não acho de maneira nenhuma que isso nos faça regredir a ponto de se deixar implantar aqui uma nova ditadura.
É dificil compreender que depois de ter experimentado a liberdade de pensar e agir as pessoas voltem a aceitar a mordaça, nunca mais!
Por outro lado cresce na net também o rumor de censura na internet, também não creio na censura, até prova em contrário, senão vejamos:
A internet surgiu e cresceu de forma tão rápida que hoje tudo se concentra nela e aqui o jorro de informações ligou praticamente todas as pessoas, continentes, países; porém a internet como sabemos é terrs de ninguém e sem lei, não há regras reais para o que acontece aqui nela, como a punição que aos poucos começa se esboçar. É claro que pra tudo que existe no mundo deve haver regras e net não é diferente.
O que eu consigo compreender é que se está se formando alguma "censura" não é para se tornar uma ditadura ou seja lá o que for, é para evitar que o caos se propague por essa mídia que é a mais popular de todas e a mais livre até então. Pode haver erros? Exageros? Pode. Tudo na vida tem seu ponto de equilíbrio e para que todas as pessoas possam desfrutar dessa maravilhosa ferramenta é que se estão estabelecendo regras. Citando Olavo de novo; quem inventa uma coisa não é mesma pessoa que vai aperfeiçoar, portanto ao ser inventado todo invento tem falhas e erros, assim também pode ocorrer com as regras, como aconteceu e acontece sempre com a internet. Não se descobre todos os dias uma maneira de burlar os AVs? Os firewall?
Qualquer pessoa em qualquer lugar, de qualquer idade pode acessar as informações aqui contidas, sejam nos portais, sejam nos grupos, salas de bate-papo ( ninguém mostra RG!) e como por aqui rodam notícias importantes e outras tantas perigosas e outras também mentirosas, é normal que se pense em proteger as pessoas do acesso à elas.
Vejam, não estou concordando nem discordando, o que eu entendo é que tem muita gente, ou melhor, a maioria das pessoas que tem acesso a informações com as quais não sabe lidar, faz bobagem. A internet pode realmente deixar de ser essa terra de ninguém pq nós enquanto seres humanos não aprendemos a lidar com a nossa liberdade e muitos por pura ignorância ou maldade acabam criando e espalhando notícias inverídicas ou prejudicando muita gente.
É preciso enxergar sempre os dois lados para não se atirar pedras antes de se entender o pq das coisas acontecerem.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Big bang

De repente começo a me sentir atemporal, como se não importasse mais o antes nem o depois e o agora só existisse porque posso sentí-lo; é uma sensação estranha como se eu não tivesse mais uma identidade; sou mais uma na multidão, um rosto anônimo que não tem marcas e não escolhe mais nada, represento uma raça e é só.
Não é muito, aliás isso não é absolutamente nem um pouco interessante, não tenho poder, não tenho um nome conhecido por alguma habilidade específica que possa contribuir para o bem comum, nem sou detentora de nada nem tenho meios para mudar nada ao redor de mim.
Paro e penso que nem da minha vida tenho as rédeas pois ela corre ao sabor das possibilidades que não estão nas minhas mãos e quase tudo me foge inexoravelmente, ficando eu somente comigo mesmo e minha indefectível consciência. Felizmente ela não me acusa de inércia, ao contrário, ela sempre me aponta direções, mas que nem sempre posso comandar, e eu luto para me manter na superfície, não na superficialidade.
Onde foram parar os sonhos, os ideais? Será que ainda os tenho escondidos sob as dobras dos dias? Ou os matei com a minha identidade que agora é um mero número de CPF?
Não quero só seguir a multidão, me recuso a ser uma réplica humanóide sem rebeldia.
Quero de volta os meus dias azuis, meus sonhos, minha capacidade de voltar a sonhar.
Quero acordar em outro dia, em outra página da história e voltar a ser um personagem com rosto, passado e futuro.
Cadê os meus pares, meus amores? Cadê os meus pecados?
Estou sem chão e sem tempo, acampada em algum lugar que nem sei mais qual é, sem portas de entrada e sem conhecer as da saída.
Que sentimento me envolve agora? Não importa...daqui a pouco nada mais fará sentido, não haverão mais quadros nas paredes, nem telas frias com entrada para outras casas. Nem meu CPF me identificará...
Quiçá haja alguém para contar o que sobrou do meu big bang.