quinta-feira, 3 de maio de 2012

Queremos amores e não senhores




Comemorar um dia não nos livrará por certo do abuso dos outros 364 dias, não apagará e não extinguirá toda a violência cometida.
Mas vale para se lembrar, que não somos peças de enfeite, ou adereços para se exibir  como prêmio, vale para concientizar que estamos no mundo prontas para tomar nosso lugar, e que temos real capacidade de conduzir nossas vidas e a de quem nos foi confiada.

Um dia para lembrar que nós carregamos em nosso ventre a vida que vai passear por esse chão, os grandes homens que vão comandar os destinos das nações, da mesma forma que estamos ao seu lado amparando, segurando suas crises ou aplaudindo suas vitórias.
Um dia para lembrar, que também parimos pulhas, egoístas e egocêntricos, que parimos os déspotas e os  assassinos, que parimos e educamos os machistas que vão nos manietar, violentar e matar.

E será que temos conciência de quem somos realmente, ou só nesse dia prestamos atenção na porção que nos cabe?
Não queremos bajulação falsa, queremos nosso espaço no mundo, queremos ser tratadas não como frágeis criaturas, nem com a mesma dureza dos homens, queremos ser tratadas como mulheres competentes em cada espaço que ocupamos, tendo direito de sermos frágeis e dóceis, tanto quanto sermos inflexíveis e duras quando preciso. Não exijam que sejamos "machos" nas funções mais pesadas, somos só mulheres fortes.

Num mundo perdido e sem direção, onde nos imputam tantos afazeres e nos cobram tanta dedicação, o que será que nos dão em troca?
De nós esperam que sejamos super mulher em todas as funções, que sejamos lindas e eficientes, mães amorosas e presentes, esposas equiparadas às Giseles Büchem da vida, sem uma celulite e sem uma gordurinha, ao mesmo tempo que executivas possamos ser exímias donas de casa e a glamurosa modelo das revistas. E o que nós dão em troca? Um super homem? Não, não existem super-homens, mas eles nos querem super mulheres.
O maior pecado que se comete contra a mulher é não olhar para o seu intelecto, é não valorizar o seu potencial como pessoa, mas exigir que ela seja perfeita em suas formas, que jamais envelheça.
Não somos só corpo, somos coração, alma, sentimentos, emoções e inteligência.
Queremos trabalho digno, salários compatíveis e justos.
Queremos ser vistas como mulheres simplesmente, por dentro e por fora,
com qualidades e defeitos. Queremos a liberdade de pensar e falar. Queremos ser respeitadas e amadas.
Todos os dias somos mulheres, mães, filhas, amantes , senhoras e meninas e somos violentadas explícita e veladamente todos os dias, em todos os lugares.
Lembrem-se que pensamos e sentimos, não somos troféus.
Somos pessoas e geramos pessoas; assim queremos ser e estar entre pessoas. Queremos amores e companheiros, não senhores.

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