Até há bem pouco tempo criminalidade era associada a pobreza, assim como a favela era só um lugar de excluídos, que em sua grande maioria eram trabalhadores e honestos. Onde será que isso tudo mudou?
É sabido que bandido tinha sempre uma aparência que o denunciava, e por medo a gente sempre se desviava dos caminhos onde pudesse encontrá-los.
O que dizer de jovens de boa condição, classe média que roubam por farra, agridem por prazer? Universitários, jovens simplesmente, que andam em busca de aventuras e prazeres?!
É cruel dizer que os miseráveis roubam, matam e violentam pela necessidade!
Há uma grande diferença entre ser miserável e ser bandido, entre ser pobre e ser desonesto.
Num mundo onde não há mais trancas e tudo ficou tão escancaradamente fácil, sem os pais rígidos controlando os horários, as saídas, sem o compromisso de voltar cedo para casa. Quando não há mais pais andando de um lado para o outro esperando seus rebentos voltarem das jornadas escolares ou noitadas com os amigos nas baladas e festinhas. Num mundo onde os pais têm seu mundo à parte e mal tem tempo de falarem com os filhos, a não ser através da empregada, do terapeuta, do professor ou das máquinas.
Não sobrou espaço nem na mesa dividida raramente.
Não há distinção entre pobres ou ricos, há uma geração inteira doente por falta de afeto, de laço familiar.
Há um mundo de facilidades para se cometer delitos, que começam pequenos e crescem impunes pela falta de bom exemplos e até pelo tapinha proibido para não "causar traumas".
Temos uma geração recém-saída da luta pela liberdade, do amor colorido, da revolução sexual, dos direitos divididos entre os sexos convivendo com uma geração carente de amor, afeto e uma família para aportar.
O que se pode esperar de um mundo onde o homem se rendeu à escravidão das máquinas e esqueceu seus sentimentos e emoções? Onde envelhecer é inadmissível, onde vale mais "ter "do que "ser"; repare quantas pessoas estão disponíveis ao seu redor. Quanto mais ela tem, mas indisponível ela fica, porque mergulha num mundo de solidão em busca dos prazeres das máquinas ou do ter cada vez mais.
A família, célula mater já não tem mais o mesmo aconchego, não se sabe até onde contar com ela, o pai vive no seu mundo, correndo atrás do vil metal que parece nunca chegar para as despesas. A mãe acumula afazeres para ter direito a carreira, para ajudar nas despesas da casa e da sua própria ambição de permanecer jovem e desejável.
O mercado de trabalho ficou tão competitivo que levou a disputa para dentro do lar e nessa guerra entre sexos; homens e mulheres vêm se descartando tão rapidamente que filhos de um casamento se mesclam com os filhos de outros casamentos, gerando entre eles uma enorme falta de paternidade.
O último reduto intocado dos jovens e adolescentes, que era o lar, a família, se desagregou, se distanciou tanto do seu papel que está jogando no mundo pessoas vazias e solitárias. A busca de consumo ficou tão contundente que nada mais parece preencher esse oco que cada um traz dentro de si.
Por conta do famigerado consumismo de coisas e pessoas o homem parece que perdeu o poder de sonhar. A ânsia do ter imediato e do derrame cada vez maior de tecnologia e facilidades do mundo moderno tem feito do homem um mero compulsivo do consumo.
Que falta faz voltar para casa e ter uma família unida, um centralizador, um parâmetro que sirva de divisor de águas.
Quanta falta faz o abraço carinhoso de uma mãe, seus sábios conselhos e sua presença atuante dentro de casa.
Mas o mundo precisa de progresso, as pessoas carecem de seus espaços, de suas profissões, as máquinas precisam evoluir para ajudarem (será??) os homens.
Onde então encontrar um lugar seguro para as ilusões? Para os sonhos da juventude, para os receios?
Como ter um tempo para sonhar, e simplesmente sonhar, sem culpas num mundo que despreza os laços e teme o carinho?
Como administrar os medos? A que nos socorrer nos momentos de angústia?
Será que vão inventar um jeito de tornar o jovem em adulto sem medos?
Como crescer sem limites, sem respeito? Como aprender a conviver com outro sem invadir, se não existe a censura própria de cada um, que não é repressão e sim o respeito pelo alheio?
Como conviver num mundo sem valores e pobre de sentimentos.
Como será o futuro dessa geração doente de falta de amor, afeto e noção de limites?
É preciso parar de olhar só para os nossos umbigos e olhar cada pessoa do nosso lado como ser humano com sentimentos, dores, alegrias e experiências.
É preciso desligar-se um pouco das máquinas para sentir as pessoas, seus choros e medos.
É preciso abraçar nossos filhos e dizer sem vergonha: Eu te amo!
É preciso semear amor, dar exemplos e criar laços outra vez.
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