segunda-feira, 22 de junho de 2009

Insigh

Viajo quando reflito; nesse momento é como se tudo parasse e eu entrasse num mundo só meu onde tudo pode ser perfeito ou explicável. É claro que nem sempre o pensar me leva a coisas inefáveis, as perguntas que me faço são muitas e minhas buscas em lhes perceber as respostas, outras tantas. Minha cabeça é um mundo de interrogações, de dilemas, de projetos e explicações às coisas que percebo ao meu redor e tomada também de um turbilhão de sentimentos e emoções que experimento e procuro entender, em mim e nas outras pessoas.
Talvez possa parecer um hábito, ou não sei se é porque faz parte da minha natureza o observar as pessoas e seus comportamentos; eu tento desesperadamente compreender suas atitudes, seu gestual e maneirismos que para minha cabeça tudo tem sempre uma explicação, ainda que não seja a que se convenciona. Eu me pego estudando as pessoas numa fila, no supermercado, na igreja, esteja ela conversando comigo ou distraída nos seus atos, sem sequer me notar por perto. Não que eu procure por isso, mas, muito mais do que averiguar a vida do outro; é como se buscasse em cada uma delas uma resposta para as minhas indagações sobre a vida, o mundo ou eu mesma.
Não estou muito certa de que saiba realmente quem sou, embora tenha aprendido muito mais sobre mim mesma depois de ter feito terapia e pela observação constante do meu comportamento, das minhas vocações e da minha comparação com o outrem, certo é de que sempre me sinto uma estrangeira dentro do meu circulo familiar e muitas vezes uma incógnita para mim mesma.
Não devem existir palavras eficazes ou suficientemente capazes para explicarem o que está no íntimo de cada um. Há circunstâncias que um olhar, um gesto diz mais que palavras, mas ao dizer isso caio no lugar comum, entretanto se paro para pensar que palavras poderiam exprimir o sentimento dessa hora, concluo que não encontro palavra alguma que alcance a dimensão para o gesto ou olhar experimentado nessa ocasião. Isso me aflige, porque isso me deixa claro que da mesma forma há coisas que quero registrar com palavras para compartilhar, e não as encontro.
Minha intimidade com tantos sentimentos não me deixa confusa, sei exatamente o que sinto em cada situação vivida ou imaginada, o que não sei é traduzir em palavras. Uma vez alguém me disse que não valia à pena querer entrar tanto dentro de mim mesma, poderia enlouquecer, confesso que temi e cheguei mesmo a acreditar podia haver um fundo de razão nessa perspectiva, porém pensei que se não fizesse isso de maneira compulsiva e desastrada não correria riscos e voltei a me perguntar e investigar sempre mais e mais sobre tudo que me incomoda.
Como disse, à medida que fui tomando conhecimento e vivência dos sentimentos e emoções, as perguntas foram surgindo e assim o pensar e investigar acabou por virar rotina; aqui a rotina não cabe como uma coisa cansativa e sim como uma coisa que se faz constantemente sem que isso seja programado, portanto, sem ser chato ou cansativo.
A rotina nesse caso é quase um estudo profundo e auto-didático, ainda que não tenha valor acadêmico porque é só a minha visão, meu sentir do mundo e das pessoas com seus dramas, verdades, mentiras e emoções. A percepção do outro é discreta e constante como um ato de amor e respeito. Ao entender o outro nas suas misérias ou nas suas alegrias eu posso aprender a conviver com elas, mas não é só em proveito próprio que procuro entender, é para descobrir o sentido real de cada uma dessas vivências e com isso o diferencial entre uma e outra pessoa.

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