Lá estava o protótipo do brasileiro; simplório, vestido sem luxo e falando alto ao celular para que todos ouvissem seu linguajar desarranjado, de palavras mal colocadas dentro das frases num enfático sotaque. Parecia alheio ao que acontecia ao seu redor e nem se dava conta da modulação da voz, muito provavelmente era o seu tom habitual em casa.
Subiu a rua falando e gesticulando até se sentar no primeiro banco, como que para organizar as idéias ao falar.
Passei por ele, olhando meio de rabo de olho, para que não me notasse a atenção disfarçada pelos óculos de sol, segui padaria adentro ouvindo o seu farfalhar grosseiro demonstrando intimidade com o ouvinte do outro lado da linha. Pensei em quantas vezes vira essa cena em outros cenários e me dei conta que não estamos preparados para a delicadeza de ser elegante. É sério!
Uma parcela pequena de pessoas consegue falar ao celular sem que ao seu redor as outras pessoas testemunhem sua conversa, é como ouvir no ônibus o relato da mulher sobre como sua irmã lhe passou a perna na venda da casa que era herança dos pais e de como ela generosamente perdoou por ser evangélica.
Buscando na memória ainda pude me lembrar dos risos frouxos e dos modos espalhafatosos de alguns pares na rua, de uma determinada pessoa dita da alta num churrasco outro dia; a mesma se exibia macaqueando entre os cantores e dava gritinhos ululantes que chamava a atenção de todos, não era só diversão, mas os pares acostumados riam e zombavam da sua performance.
Por mais que tente separar um comportamento do outro, não consigo, é óbvio que a falta de senso mostra que não há limites entre o ridículo e o mal educado.
A circulação das pessoas de todas as camadas por todo lado mostra a imensa massa de pessoas deselegantes que somos, no falar, no agir, no estar e até no pensar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela sua visita!