quarta-feira, 1 de julho de 2009

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É assim poeticamente que é possível traduzir em palavras um pouco de todo o sentimento que vai dentro da alma de uma pessoa “radar”; sim os poetas são radares abertos para o mundo. Deles toda a energia emerge em forma de emoções e sentimentos registrado por palavras, poesias, prosas. Uma espécie de comunicação emocional que só pode ser dita de alma para alma, como se fosse uma confissão.
Infelizmente nem todas as pessoas “radares “ ou “captadores” conseguem extravasar as suas comportas e vão enrijecendo, adoecendo por não se saberem capazes de experimentarem a si mesmas. A face oculta de cada um de nós esconde um mundo que se não entendido pode virar um transtorno psicótico, ou uma patologia.
Se eu posso me olhar defronte o espelho, se eu posso exorcizar meus fantasmas, é claro que qualquer pessoa munida de boa vontade também pode, entretanto é preciso se despir dos preconceitos e aprender a se enxergar por dentro, e a única maneira de se enxergar por dentro é deixar fluírem os pensamentos, aprendendo a pensar e dar ouvido ao que pede o coração.
O corpo costuma acusar a necessidade de parar da mesma forma que a alma e o coração costumam dar sinais de que precisam se comunicar através dos sentimentos.




Parindo palavras

E aí que o meu poema "Gestação" não foi muito bem digerido, questão de título, pouco se quer gestar hoje em dia, nem palavras, o imediatismo de parir, faz com que se bote pra fora das entranhas cada palavra e cada impaciência, o que também de todo não é ruim, mas gestar palavras, embalar no ventre do peito é tão gostoso; porque o parto não sai laborioso; uma vez que já foi mimado e acalentado.
Mas não se deve confundir a gestação de palavras com o "Infarto", porque às vezes pensamos estar gestando palavras, estamos gestando sentimentos, que poderiam nascer em forma de palavras, e por guardar essas palavras enfartamos, simplesmente, e entramos no inferno dos gestos abrutalhados, das palavras azedas, ou pior engolimos as nossas próprias palavras e o peito não agüenta tanta pressão, e enfartarmos inexoravelmente.
Antes que enfarta e perca de vez o chão, ou o pouco de razão que me resta, aceito placidamente a minha gravidez de palavras, embalo-as com cânticos mansos ou com marchas, dependendo de quanto elas me pesarem no peito; acaricio-as para que se sintam em mim confortáveis e num átimo de insensatez ou volúpia, vou parindo uma a uma, lambendo o gosto da placenta, para que venham limpas ao mundo, fortes e atrevidas como pede a vida que elas carregam.
Eu me descubro grávida todos os dias de uma multidão de sentimentos e emoções que nem sempre nascem em palavras...e quando me percebo enfartar; solto minhas crias no mundo, e enquanto elas passeiam eu mimo-as de longe; lembrando de como nasceram.
Embora poético, não quero morrer enfartada de palavras, quero ter sim muitas passagens pela UTI, já que a minha urgência pede socorro imediato, só assim enquanto reclusa na sala de espera da vida, eu possa me dedicar exclusivamente às minhas gestações e partos de amor puro e exagerado às palavras que se aninham dentro de mim.


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