quarta-feira, 22 de julho de 2009
dos relacionamentos
A vida antes pacata e quase sem ambições foi substituída por uma vida corrida, competitiva e numa desenfreada busca de possuir cada vez mais. O ter passou a ser mais importante que o ser. A tecnologia contribui para que os comportamentos sofram influência direta, já que tudo gira em torno dela no nosso dia a dia, seja de trabalho ou lazer, e as pessoas que não conseguem participar dessa corrida de aquisição tecnológica se sentem marginalizadas, frustradas, e isso faz com que muitos, principalmente os mais jovens, enveredem pelo mundo do crime, roubando e matando, porque essa é a maneira que alguns encontraram para “ter” e assim não se sentirem tão diminuídos diante da sociedade que insiste em negar-lhes o direito de pertencer a uma sociedade justa e igualitária.
Entretanto não é só o jovem que se sente excluído quando não consome, é todo um contingente de pessoas que buscam incessantemente acompanhar em vão o volume e a velocidade cada vez mais frenética da indústria tecnológica, que vai imprimindo nas pessoas o desejo de consumir vorazmente.
Tudo ficou muito descartável, pela maneira veloz com que a tecnologia avança, e juntamente com os aparelhos, as pessoas estão ficando descartáveis; como o ser humano não é uma máquina que evolui tecnologicamente ele vai sendo superado por outro e outro sucessivamente como se isso pudesse explicar a enorme insatisfação humana.
Uma máquina produz prazer por tempo indefinido já que ela vai se modernizando, como no caso de um microcomputador, celulares, MP3 , MP8 e assim por diante e outros tantos, as novidades não param, e ao invés do envolvimento com um outro ser humano que não tem novidades todos os dias, as pessoas preferem o prazer frio da máquina.
Quando digo que as pessoas não proporcionam tanto prazer como as máquinas, digo-o pelo tipo de prazer procurado pelos adoradores de novidades tecnológicas.
Nesse mesmo ritmo surge a tecnologia que retarda o envelhecimento, ou tenta prolongar a juventude, porque ser velho hoje é feio! Imagine dizer isso num país, principalmente nos orientais, onde os mais velhos são tratados como relíquias pelos mais novos, eles que são considerados a verdadeira fonte da sabedoria.
Stand by
eu fazendo download
no meu coração
você em stand by
contempla
vê se acorda e zipa
meus documentos
fiz up date de você
liberei o firewall
e você continua
stand by
vê se acorda e executa
meus programas
É tanta novidade na indústria da beleza que é preciso muito fôlego e dinheiro para se poder acompanhar uma parte, já que o todo é impossível. As pessoas podem se modificar totalmente, remodelar o corpo, o rosto, aumentar e diminuir os volumes de seios, nádegas, barriga, pernas, etc. Podem ter cabelos curtos num dia e longos no seguinte. A coisa ficou tão requintada a ponto de se fazer tratamentos para a pele com ouro, diamantes, cristais.
A indústria da beleza antes só direcionada à mulher hoje tem no homem um alvo potencial também, já que ele hoje também disputa espaço nas clínicas salões e estéticas.
Estimulado por essa nova realidade temos um mercado de relacionamentos muito, mas muito mais exigente, onde a sensação presente tanto para homens como para mulheres é de se estar na vitrine constantemente e vivendo sob a pressão de ser rejeitado por não corresponder ao modelo que as mídias estereotiparam.
Essa vitrine também se pode verificar, não em menor escala, no mercado de trabalho, onde a aparência vale até mais que a capacidade e o conhecimento.
Ter rugas é over! Não ter a pele de pêssego é um pecado, celulite então, um horror.
Pensa-se pequeno quando se procura um relacionamento; e como as qualidades não estão estampadas na face e não despertam tesão é preciso procurar um motivo de tesão, e é claro que ele vem da aparência e se vier acompanhada de um estilo tecnologicamente correto, tanto melhor. O investimento pessoal hoje é muito alto daí as pessoas se valorizarem tanto a ponto de se tornarem exigentes demais na hora de se comprometerem com outra pessoa. Quando um casamento não dá certo e não há filhos envolvidos os filhos homens ou mulheres acabam voltando para a casa dos pais, que geralmente não desfizeram seu quarto, embora essa tendência seja muito maior entre os homens. As mulheres têm uma visão um pouco mais livre quando se trata de terminar um casamento, normalmente elas trabalham e se mantêm e preferem ter seu próprio espaço para recomeçarem sem a interferência dos pais. Os homens preferem estar por perto dos pais, onde se sentem protegidos e que de alguma forma não exige deles tanta responsabilidade em manter seu próprio espaço, por questões organizacionais. O homem gosta mais da dependência da mãe que as mulheres que são criadas mais em contato com a vida doméstica e para elas é mais fácil ter seu espaço que disputar o dela com a mãe.
A maioria esmagadora das mães gosta da volta do filho nessa circunstância é como se recuperasse o filho.
É sabido que o homem quando se casa procura na mulher um pouco da sua mãe, é uma relação meio incestuosa porque o homem quer uma mulher diferente da sua mãe e ao mesmo tempo que possua as qualidades que sua mãe tem, ou gostaria que tivesse.
Mas e a mulher o que procura quando se casa?
A mulher tem uma visão mais romântica, ela procura o príncipe encantado, o homem sem defeitos e que vá realizar seus sonhos.
Será que essa ainda é a visão que a maioria das mulheres tem do casamento? Um pouco, mas já tem mudado bastante porque a mulher tem procurado, especialmente nas camadas onde o nível de estudo é mais alto, um companheiro com quem possa dividir experiências, constituir família e patrimônio, com os pés bem fincados na realidade, por esse mesmo motivo quando não se consegue atingir essas metas por falha de um deles o casamento termina e a amizade muitas vezes permanece, porque a divergência se mostrou só no convívio amoroso.
Os homens embora ainda tenham lá no fundo a mesma busca do tipo Édipo Jocasta; perderam um pouco do interesse no casamento, visto que o excesso de liberdade das mulheres mudou as regras do jogo passando-as de caça a caçadoras. O instinto do homem de ser o cortejador lhe concedia a fama de ser o dono da situação e a partir do momento em que a mulher inverteu esse papel e colocou o homem num pedestal como se fora um objeto; causou nele desinteresse pelo casamento como ato institucional e instigou sua vaidade que o torna de certa maneira desdenhoso para com as mulheres.
A parcela de futuros maridos prefere mulheres que tenham uma carreira profissional e independência financeira, são esses os que olham a mulher não como um adorno para o lar e sim com uma companheira, alguém com quem além de dividir a cama e a mesa tenha motivos outros para conviver. Nesse caso a inteligência da mulher e a sua realização pessoal e profissional também se tornam um atrativo para o homem.
Há ainda uma generosa quantidade de mulheres que preferem não se envolver em compromisso sério e viverem quase que exclusivamente para a realização pessoal e profissional. O mundo moderno abriu as portas para as mulheres crescerem profissionalmente até em profissões que antes eram de exclusividade dos homens, com isso está surgindo mais e mais a mulher independente voltada para a sua satisfação, que pode optar em ter filhos como “produção independente” , com a participação masculina sim, mas sem que necessite da paternidade na criação ou na manutenção da sua cria.
Dos relacionamentos de iguais não tenho ainda uma opinião totalmente formada, meu contato com esse tipo de relação ainda é pequeno para observação, ele só se dá na esfera das celebridades, ou seja longe do meu âmbito social.
É mais fácil falar dos modelos pré-estabelecidos pela sociedade que os considera “normais”, por fazerem parte do nosso dia a dia, entretanto a multiplicidade de modelos de relacionamentos vem ganhando espaço no mundo moderno por afinidades indiscutíveis e para essa gama de modelos é preciso um capítulo à parte.
Boa Noite ( da série boa Noite)
Se me cerco de mil palavras e gestos, é porque sei que faço deles, meu elo com o mundo que atravessa minha soleira, um mundo que não aceita silêncios, não entende olhares. Não gosta e não conhece excesso de franqueza. Não compreende a beleza simples das expressões naturais.
Se receio contatos e toques é porque as mãos que me esbofeteiam hoje, me acariciaram ontem. Se recuso beijos é porque o selo frio dos lábios me assusta, tanto quanto promessas, não cumpridas.
Tenho as frestas entreabertas, e guardo as luas encobertas para que só meus olhos as toquem, uma a uma, em cada fase.
Não me dou em bandos, não me acho além dessas quatro paredes; tenho a sede dos oceanos, mas braços de rios.
Tenho a infinitude da imensidão, a solidão dos astros e a liberdade dos ventos.
Tenho olhos de constelação e brilhos emprestados.
Vejo a vida pelo espelho da minha retina, onde costuro no tempo o que vestirei na eternidade.
Tenho plumagens e não sou pássaro.
Tenho cores e não sou o arco-íris.
Ando solta e sem laços porque sou única
e não me encaixo em nenhuma fenda.
Não nasci para oferenda, mas tenho meu nicho de adoração, onde cultuo e brindo a mansidão serena que me visita em rasgos.
Da minha soleira para o universo
basta um momento, um pensamento.
Há relacionamentos abertos onde cada qual tem a sua liberdade sem que o outro interfira, não sei se é um relacionamento sério já que não há fidelidade nem compromisso de ambos os lados.
A maior dificuldade dentro de um relacionamento hoje é manter a fidelidade, já que hoje as mulheres também descobriram na traição uma forma de dar o troco ao que os homens sempre fizeram. Embora nem sempre a traição seja usada como uma forma de vingança, o que ocorre é que a partir da liberação das mulheres elas resolveram experimentar tudo que antes não lhes era dado o direito.
É preciso lembrar que a traição sempre existiu por parte de ambos os sexos, o que mudou foi que antes era quase que um privilégio exclusivo dos homens e hoje a mulher trai tanto ou mais que o próprio homem.
Além da traição há outros fatores que minam as relações como a falta de responsabilidade em assumir cada qual a sua parte dentro do compromisso, a falta de tolerância para com os erros e defeitos do outro. Há sempre a expectativa de se encontrar outro (a) parceiro (a) que não possua o mesmo defeito, assim os casais estão sempre olhando ao entorno e fazendo comparações.
A facilidade com que se entra e sai de um relacionamento acaba por deixar as pessoas insatisfeitas e sem ânimo de estabelecer um compromisso mais sério e duradouro.
Na minha geração ainda se encontram casais que completaram bodas de prata, casamentos duradouros apesar de todas as dificuldades, entretanto os mais jovens não tem a mesma paciência para lidar com essas mesmas dificuldades, basta observar suas críticas dirigidas aos pais e seus comportamentos.
Muito embora a minha geração tenha sido a geração que inaugurou o desquite e o divórcio e foi a geração que primeiro experimentou a troca de parceiros ainda é uma geração de casamentos longos, ainda que sejam dois casamentos, diferentemente das mais novas onde os casamentos terminam bem antes de completar 7 anos.
Apesar de tanto experimentarem relacionamentos, tanto homens como mulheres, não aprenderam ainda a poupar os filhos de seus desvarios, evitando colocar no mundo filhos sem uma família para servir de apoio para seu crescimento e desenvolvimento social. Ao se envolverem em vários relacionamentos sem saber ao certo se algum deles vai se tornar um relacionamento sério, seria preciso que ambos tomassem cuidados para evitar que tantos abortos fossem feitos comprometendo a saúde de tantas mulheres, e o nascimento de filhos indesejados, frutos de um prazer passageiro.
A cada dia se pode ver nos noticiários quantos filhos são jogados no lixo após o nascimento, como se fossem algum objeto sem importância, conseqüência do pouco valor que se dá a vida.
Eu ainda me pergunto o porquê dessas mães não terem usado a camisinha ou outro método anti-conceptivo, já que o nível de informação hoje é massificado e excluindo o interior dos estados onde a mídia não chega com o mesmo volume de informações fica quase impossível acreditar que seja só falta de cuidado.
Não acredito faltar informação para esses jovens, acredito sim, na falta maturidade e de perspectivas de ambos quando se jogam nos relacionamentos, usando os mesmos somente para extrair dele prazer inconseqüente. Não obstante terem esses jovens o exemplo de outros jovens e muitas vezes até seus amigos, acabam incorrendo no mesmo erro.
Dentre os jovens que tem um nível de escolaridade maior também há ocorrências desse tipo, porém em quantidades menores; esses jovens priorizam seus estudos e para tanto tomam mais precauções a fim de evitarem que fuja do controle o relacionamento e que produza frutos indesejados que podem atrapalhar os estudos e uma futura carreira.
Como a experimentação das relações completas começa muito cedo e sem restrições é comum verificar jovens ainda completamente desiludidos com os romances e desinteressados em firmar compromissos mais sérios e duradouros, não há expectativas nem novidades tudo já foi consumido desde muito cedo
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