quarta-feira, 11 de maio de 2011

Futilidade ou desinteresse?


Há um cansaço nas pessoas que as impede de ir em frente, que as impede de absorverem a explosão de informações a que somos bombardeados todos os dias.
As pessoas caminham como zumbis, guiadas por Mp3 nos ouvidos alienadas e totalmente fechadas para o outro. Ou simplesmente como uma manada que segue um líder. Que mundo é esse? Em outros tempos os alienados gostavam de se reunir para estudar, discutir filosofia ou música, alguma coisa importante que muito provavelmente iria mudar o mundo de alguma forma, ou no mínimo chocar. Desafios estimulavam muito mais as pessoas do que hoje quando a maioria prefere tudo pronto e digerido e se contenta em sentar defronte a televisão e engolir o que lhe é entregue pronto.
 
A pressa de viver o hoje, de adquirir novas tecnologias faz com que as pessoas se limitem a correr pra lá e pra cá como baratas tontas sem ter tempo para o essencial: se aprenderem.
Há um marasmo estampado no semblante das pessoas que me faz sentir que não estamos preparados para a era de informações, para esse salto que busca em cada pessoa a sede de conhecimento. Não falo só do estudo acadêmico, falo da riqueza pessoal, da cultura, do gosto pelas coisas que enobrecem o espírito, alimentam a alma.
 
Não é raro observar que as pessoas se contentam com migalhas que estão na superfície, consumo rápido, como fast food que produz a obesidade e não alimenta. Quem quer ir fundo, ou quem tem tempo para parar pra pensar?
Parece tão mais cômodo ler o resumo do resumo para se manter atualizado e beliscar só o que está à mão; afinal o dia de hoje só importa hoje, ninguém está interessado no amanhã porque o amanhã trará tudo condensado na rede, bem mastigadinho aí é só passar os olhos pelo resumo e se servir do tira-gosto como prato principal.
 
Qual a consequência desse desinteresse geral em construir com idéias e palavras o amanhã? O vazio sem fim, a falta de referência de uma época de cansaço, de preguiça mental. Vivemos a mercê de máquinas, do imediatismo de tudo, das memórias dos que produziram, enquanto vamos ficando ocos e sem expressão própria.
Há classes e categorias profissionais que se alinham para trabalhar, mas gentes não deveriam se alinhar em clãs e tribos pela cor da pele, preferência sexual ou religião e etc. O mundo se modernizou e o guetos se multiplicam! Por que não se aliarem para produzir a identidade de um povo que possa ser lida e estudada daqui há algumas dezenas de anos?
 
Quem somos nós? Como chegamos até aqui? E o que vamos fazer daqui pra frente? Qual nossa contribuição para o planeta? Será que meus filhos sabem o que querem fazer das suas vidas? São tantas as perguntas que eu me faço todos os dias e não consigo encontrar as respostas que me satisfaçam, porque eu sei que mesmo tendo vivido mais de meio século minha tarefa não acabou, pelo contrário, meu tempo está se esgotando, mas a tarefa não!
 
Não tenho obrigação de ser feliz por tempo integral. Tenho direito ao mau humor, a ficar reclusa quando quero ler, estudar ou pensar. Tenho direito de ouvir música bem alto, de sair pra caminhar com o MP3 no ouvido para que não interrompam meus pensamentos. Tenho direito de chorar quando me sentir infeliz.
 
Mas eu também tenho o direito de viver intensamente o que a vida me proporciona; olhos para ler e aprender, para olhar para o céu ou as estrelas por tempo indeterminado, ouvidos para escutar e entender, boca para ensinar o que eu também aprendi, ou para cantar, declamar. 
Tenho direito de parar tudo que estou fazendo para organizar meus pensamentos e escrever o que eu sinto, para pintar um quadro, uma parede, uma porcelana ou fazer um artesanato ou simplesmente pintar o sete!
 
Eu não preciso ter prazer imediato com coisas pequenas, eu preciso estar sempre produzindo algo que me dê prazer. Eu devo ser útil  para contribuir com a sociedade em que vivo. Eu preciso produzir para viver e para ser sã! Só assim terei prazer em viver!
 
A vida não merece ser vivida de forma fútil, todo o mecanismo do mundo é complexo, assim como nós somos organismos complexos e só isso já nos faz pensar que viver é descobrir a cada dia a novidade que nos reserva a vida.

3 comentários:

  1. Agelica, simplesmente adorei o texto! Muito bom!
    Acho que é isso mesmo, estamos de uma maneira geral vivendo as futilidades.

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  2. Oi!
    Amei seus textos, muito interessante.Parabéns!
    Aceita ser colunista do Jornal da Cidade Online?
    Meu e_mail: sopoesias@jornaldacidadeonline

    Visite meu blog viu?? rs
    Feliz Vida!
    beijos!

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  3. Não sei angélica,possuo a sensação de sempre estarmos sendo controlados para nos mantermos nesta apatia,neste desinteresse.Tudo conspira para que não entremos em contato com o universo e suas possibilidades.Ficamos a mercê dos estudos científicos que falam uma coisa hoje e amanhã é outra,estamos num mundo de omissão!Sinto muito por assistir as pessoas com seus fones de ouvido e eternamente olhando para baixo...para seus celulares.Cabe a mim me elevar,cabe a nós cuidarmos de nós mesmos antes de qualquer coisa.Quem sabe não estamos nos preparando para auxiliar este mundo zumbi?
    Saudações e muito obrigado por sua visita em "luznopapel".Ricardo Alves

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