quarta-feira, 17 de outubro de 2012

As nossas dores domésticas




O conforto de quatro paredes nem sempre traduz verdades, e nem sempre o que 
atravessa as paredes é real.  A solidão nos lares mundo afora não é conversada, não é nem citada; é simplesmente sentida pelos cantos e muitas vezes camuflada com sorrisos angustiantes.
Olhe ao seu redor e observe como se comportam as pessoas felizes ou infelizes que você conhece. Será que elas não se comportam de forma parecida? Algumas de formas mais polidas, outras mais despachadas, mas o sorriso plástico está estampado em todas elas.
Os olhos sorriem também, mas quando os lábios determinam o final de uma palavra gentil ou de um sorriso corriqueiro ali nos olhos as dores e as tristezas se cumpliciam às suas, ou não.
É quase imperceptível, é socialmente disfarçada ou mentirosamente escondida toda e qualquer insatisfação de um casal, de um relacionamento que acaba levando para o mundo só um verniz; aparência, pois é isso que o mundo aí fora pede.
Então a felicidade não existe? Não da forma que nos fazem acreditar desde pequenas. A felicidade é feita de pequenos momentos; o resto é pura rotina e realidade maçante e para sobreviver  a essa rotina estressante há que ter compensações nesses breves momentos felizes. São pouquissimas as pessoas que conseguem ser inteiramente felizes se mantendo acima das mazelas do dia a dia, até porque é preciso aprender a conviver consigo mesma para depois entender e aceitar o outro.
Finalmente temos o hábito de colocar a culpa das nossas insatisfações no outro, ou nos outros, sendo que esses só fazem conosco o que permitimos. Ora se aprendemos a conviver de bem conosco, aceitando nossas imperfeições e limitações o que está fora de nós não nos incomoda.
Partindo desse princípio fica um pouquinho mais fácil entender as pessoas e suas mágoas domésticas, sua solidão acompanhada, suas dores intermináveis e a dificuldade de duas pessoas estando sob o mesmo teto conviverem amigavelmente consigo mesmas e com o outro, que as vezes, é tão diferente, sendo que cada um tem em si um rosário de dúvidas e dores para manipular, macerar até conseguir mitigar.