quarta-feira, 25 de maio de 2011

É preciso arejar para não adoecer


É comum de vez em quando a gente se sentir sufocado e olhar o mundo com descaso, tendo a nítida sensação de que não vale a pena fazer mais nada, que tudo está chato e ruim.
Algumas vezes dá até vontade de morrer porque a tristeza que nos abate não nos permite  ver nada; parece que as pessoas não notam mais a nossa existência, parece que não há amor das pessoas para conosco. Nenhum amor parece suficiente para nosso coração desanimado, nenhuma alegria parece penetrar dentro do nosso mundo interior.
É um certo complexo de : esqueceram de mim.
 
Para tudo! Não podemos permitir que nosso coração e mente se deteriore porque não sabemos fazer uma higienização de quando em quando, aí permitimos que se instale a dor, a doença por conta dos cantos mofados que não temos coragem de revirar.
Existem dentro de nós sentimentos velhos que já não nos serve para nada e nós insistimos em levá-los de um canto a outro tentando encaixar o trambolho ao invés de desmontar e jogar fora.
Também guardamos mágoas de todos os tamanhos e pior; fazemos questão de preservar para encará-las de frente, vez por outra, só para sofrer um pouquinho e alimentar uma dor física, talvez para ficar de vítima de vez em quando e tentar ganhar olhares de carinho ou pena!
 
É bom guardar lembranças, amores, mas mesmo essas lembranças devem ser sacudidas de vez em quando para não esconderem traças nas dobras. E amores é sempre bom guardar, até um certo ponto, amores que não tem chance de virar realidade e ficam com arestas vivas espetando, amores que nos afrontam, que nos pisam e nos fazem sentir pequenos; esses devem ser expurgados sempre que começarem azedar os espaços que ocupam em nós, porque amores bons mesmo são os que clareiam a alma e a mente, que perfumam, que dão brilho aos olhos e viço à pele, fora disso é só doença sem cura.
 
Dentro dos nossos espaços internos, mente, coração e alma tudo deve ser aberto e arejado sempre para que não fique frio e escuro.
Nada de ficar polindo impressões doídas, dores antigas, amizades conflitantes, desejos impossíveis; ao fazer isso fechamos as portas para as impressões de colorido vivo, amizades novas, amores novos.
É como se fossemos um guarda-roupa fechado e atulhado de roupas velhas de muitos invernos e verões, não cabe mais nada e tudo que tem lá dentro a gente pensa que vai usar um dia, mas é velho e não nos serve mais. A gente tem preguiça de arrumar porque dá trabalho, tem traças e sabemos que se tirarmos o que tem lá dentro não vamos conseguir acomodar tudo de volta. Aí que que a gente faz?
Vai protelando e cada vez que precisamos mexer lá dentro para apanhar alguma coisa; dá um misto de tristeza e raiva, porque sabemos que vai dar trabalho procurar e certamente nada do que tem lá dentro é adequado para o momento.
 
Chega de esconder a sujeira debaixo do tapete, de passar um paninho e dizer que está tudo limpinho; vamos escancarar as janelas sem medo da luz que vai entrar e sem pavor de encarar os cacarecos que guardamos nas nossas entranhas. Vamos jogar fora sem dó tudo que envelheceu e não nos serve mais, vamos pintar de cores vivas o nosso interior e nos preparar para as novidades que vão entrar depois que procedermos uma limpeza radical.
 
Quem quer andar encurvado carregando uma montanha de trastes de data vencida e que já não serve para mais nada, a não ser deixar o corpo dolorido, a alma sem graça e o olhar perdidos sem luz?
 
É como experimentar a sensação de casa limpinha, cheirando lavanda. E você vai ver o quão mais leve a vida vai lhe parecer.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Você sobreviveria?


Você consegue desligar rádio, TV, micro, celular e todos os seus aparelhos eletrônicos e permanecer assim por quanto tempo?  Será que vc consegue viver essa experiência por alguns dias?
Bem, qual a sensação que você pode experimentar ao desligar todos os eletrônicos à sua volta e ficar sozinho consigo mesmo? Parou para pensar?
O que eu observo é que as pessoas de um modo geral não conseguem se desligar totalmente dos seus aparelhos. Seria medo do barulho que o silêncio faz? Seria medo dos seus pensamentos? Medo de encontrar-se consigo mesmo?
O mundo moderno condicionou as pessoas a estarem sempre conectadas a alguma fonte eletro eletrônica  e com isso elas estão perdendo o hábito de ouvirem o som de seus próprios pensamentos, e estão começando a se desabituar de ficarem desconectadas; o que propicia o ser humano moderno a robotização ou pior; emburrecimento.
Por conta das novas tecnologias somos condicionados a usar teclas e muito pouco, quase nada de canetas ou lápis, monitorar aparelhos à distância, ou programarmos nossos eletro eletrônicos domésticos ou pessoais às tarefas. Dia a dia as facilidades do mundo moderno nos convence que não somos mais capazes de executarmos tarefas simples, que muitas vezes seriam desestressantes, prazerosas,  porque estamos correndo atrás dos ponteiros e desaprendendo dessas mesmas coisas;  uma vez que as máquinas podem executá-las com alguns toques enquanto nós vamos apagando da nossa memória os conhecimentos e o prazer de executá-las.
O que dirão nossos pensamentos quando se desligam de toda a parafernália eletrônica? Sentirão alívio, cansaço ou se sentirão perdidos?
Estamos vivendo um período de muitas descobertas; umas encadeadas às outras, quase que todas tem a ver com o ter e não com o ser, a não ser umas poucas expressões literárias mal fadadas transvestidas  de auto-ajuda, não se produz mais a arte do pensamento.
Seria esse mal sinal dos tempos, onde o pensamento vai sendo aos poucos banido da vida das pessoas?
É claro que não se decreta o final dos pensamentos, entretanto se a prática deixa de ser exercida com assiduidade para se conseguir concatenar idéias, cria-se um vazio que é facilmente preenchido por qualquer artefato eletrônico.
A arte de pensar precisa ser cultivada no silêncio, longe dos apelos tecnológicos para não morrer como está morrendo o uso da escrita manual, por exemplo, antes que se decrete de vez a incompetência de "ser" da espécie humana.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ética, Educação, Cidadania e etc.





Ando às voltas com a minha observação quase que compulsiva das pessoas, não propriamente as que vivem comigo, mas as que vejo na mídia, as que vejo no dia a dia, no mercado, no ônibus, na rua; pessoas comuns despreocupadas se estão ou não sendo observadas.
Gostaria muito de estar enganada, mas está ali bem na minha frente o produto do comportamento de cada uma. Ao ir caminhar na Lagoa aos domingos eu constato a falta de respeito para com os aparelhos de musculação na área destinada à 3º idade. Não que os mais jovens não possam frequentar também, o que mais incomoda é ver o pais jovens levarem seus filhos pequenos para se divertirem nos aparelhos como se ali fosse um parque de diversões para os pequeninos, sem o menor pudor em permitir a brincadeira e sem se preocupar se é uma área restrita para adultos da 3º idade e muitas vezes ali ter pessoas de pouca mobilidade.
Ir nas segundas ou domingo a tarde caminhar no Parque  é outro exercício de paciência. Mesmo sendo o local dotado de lixeiras ao longo de todo o trajeto do entorno da lagoa e mesmo o parque contando com pessoas que cuidam o dia todo da limpeza, é possível encontrar copinhos, embalagens de salgadinhos, chocolates, sorvetes e etc jogados por todo lado e inclusive próximos as lixeiras.
Da mesma forma que se pode encontrar pelas ruas da cidade;  papéís, cacas de cachorro pelas calçadas, restos de comida, sapatos velhos e etc. 
Em muitos lugares sofás nas calçadas, restos de móveis; excetuando o dia em que passa o cata treco ( em Campinas tem esse serviço), os móveis são deixados nos jardins, beiras de estradas vicinais sem a preocupação desse objeto se deteriorar exposto as intempéries juntando animais de peçonha, insetos etc ou ir parar dentro de rios, córregos ou bueiros.


Há uma ansiedade natural nas crianças em aprender e se à elas forem oferecidos livros, estímulos lúdicos desde a idade tenra, ela vai se acostumando desde cedo a enxergar o mundo por outro prisma, o que infelizmente não acontece.
E como o aprendizado é muito mais por exemplo do que por conselho, os comportamentos vão sendo repetidos. Mesmo frequentando os bancos escolares a grande maioria continua sem aprender como se tornar um cidadão.


É comum verificar as pessoas buscando tirar vantagens, que vão desde as pequenas negociatas caseiras, àquelas que estão na esfera de trabalho e as  que escadalizam  porque são casos de corrupção dentro dos governos, em variadas situações que explodem na mídia diariamente.


Há ainda um farto aprendizado que pulula na própria mídia em forma de diversão; filmes, novelas e outros tantos meios, mas ao que parece ao invés de ser só um entretenimento essas diversões acabam se tornando um incentivador para os que não tem uma boa estrutura de formação familiar ou tem um caráter mau formado.


Eu me pego pensando na responsabilidade que temos em passar exemplos, desde o mais simples "obrigada" a maneira com que conduzimos a nossa própria vida. Parece que anda meio esquecido das pessoas que somos espelhos para outras pessoas que nos rodeiam e a medida que exibimos que "podemos" infringir as regras de comportamento, as regras éticas; abrimos espaço para aqueles que se miram nesses espelhos que representamos, agirem da mesma forma ou até com mais liberdade de infringir e menos responsabilidades para com seu semelhante. 


A civilização está perdendo o senso do que é certo e errado, do que convém e do que não convém, ainda que se precise aprender a ser cidadão o ser humano nasce com uma percepção do que é moral e do que  imoral, do que é ético e não ético. Como centelha divina que somos nascemos com qualidades natas, depende de cada um de nós como levar pela vida essas qualidades: intactas ou corrompidas.


O mundo carece de no mínimo pequenas gentilezas para ser agradável de nele conviver.
Caminhamos para o caos porque a criatura resolveu virar as costas para o Criador, pisar nas regras e subverter a ordem.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Futilidade ou desinteresse?


Há um cansaço nas pessoas que as impede de ir em frente, que as impede de absorverem a explosão de informações a que somos bombardeados todos os dias.
As pessoas caminham como zumbis, guiadas por Mp3 nos ouvidos alienadas e totalmente fechadas para o outro. Ou simplesmente como uma manada que segue um líder. Que mundo é esse? Em outros tempos os alienados gostavam de se reunir para estudar, discutir filosofia ou música, alguma coisa importante que muito provavelmente iria mudar o mundo de alguma forma, ou no mínimo chocar. Desafios estimulavam muito mais as pessoas do que hoje quando a maioria prefere tudo pronto e digerido e se contenta em sentar defronte a televisão e engolir o que lhe é entregue pronto.
 
A pressa de viver o hoje, de adquirir novas tecnologias faz com que as pessoas se limitem a correr pra lá e pra cá como baratas tontas sem ter tempo para o essencial: se aprenderem.
Há um marasmo estampado no semblante das pessoas que me faz sentir que não estamos preparados para a era de informações, para esse salto que busca em cada pessoa a sede de conhecimento. Não falo só do estudo acadêmico, falo da riqueza pessoal, da cultura, do gosto pelas coisas que enobrecem o espírito, alimentam a alma.
 
Não é raro observar que as pessoas se contentam com migalhas que estão na superfície, consumo rápido, como fast food que produz a obesidade e não alimenta. Quem quer ir fundo, ou quem tem tempo para parar pra pensar?
Parece tão mais cômodo ler o resumo do resumo para se manter atualizado e beliscar só o que está à mão; afinal o dia de hoje só importa hoje, ninguém está interessado no amanhã porque o amanhã trará tudo condensado na rede, bem mastigadinho aí é só passar os olhos pelo resumo e se servir do tira-gosto como prato principal.
 
Qual a consequência desse desinteresse geral em construir com idéias e palavras o amanhã? O vazio sem fim, a falta de referência de uma época de cansaço, de preguiça mental. Vivemos a mercê de máquinas, do imediatismo de tudo, das memórias dos que produziram, enquanto vamos ficando ocos e sem expressão própria.
Há classes e categorias profissionais que se alinham para trabalhar, mas gentes não deveriam se alinhar em clãs e tribos pela cor da pele, preferência sexual ou religião e etc. O mundo se modernizou e o guetos se multiplicam! Por que não se aliarem para produzir a identidade de um povo que possa ser lida e estudada daqui há algumas dezenas de anos?
 
Quem somos nós? Como chegamos até aqui? E o que vamos fazer daqui pra frente? Qual nossa contribuição para o planeta? Será que meus filhos sabem o que querem fazer das suas vidas? São tantas as perguntas que eu me faço todos os dias e não consigo encontrar as respostas que me satisfaçam, porque eu sei que mesmo tendo vivido mais de meio século minha tarefa não acabou, pelo contrário, meu tempo está se esgotando, mas a tarefa não!
 
Não tenho obrigação de ser feliz por tempo integral. Tenho direito ao mau humor, a ficar reclusa quando quero ler, estudar ou pensar. Tenho direito de ouvir música bem alto, de sair pra caminhar com o MP3 no ouvido para que não interrompam meus pensamentos. Tenho direito de chorar quando me sentir infeliz.
 
Mas eu também tenho o direito de viver intensamente o que a vida me proporciona; olhos para ler e aprender, para olhar para o céu ou as estrelas por tempo indeterminado, ouvidos para escutar e entender, boca para ensinar o que eu também aprendi, ou para cantar, declamar. 
Tenho direito de parar tudo que estou fazendo para organizar meus pensamentos e escrever o que eu sinto, para pintar um quadro, uma parede, uma porcelana ou fazer um artesanato ou simplesmente pintar o sete!
 
Eu não preciso ter prazer imediato com coisas pequenas, eu preciso estar sempre produzindo algo que me dê prazer. Eu devo ser útil  para contribuir com a sociedade em que vivo. Eu preciso produzir para viver e para ser sã! Só assim terei prazer em viver!
 
A vida não merece ser vivida de forma fútil, todo o mecanismo do mundo é complexo, assim como nós somos organismos complexos e só isso já nos faz pensar que viver é descobrir a cada dia a novidade que nos reserva a vida.