Sentada defronte a um suculento prato de macarrão ao pesto, meu pensamento vagueia. Não a fome não se foi, só o pensar em quem não teria o mesmo prazer de saborear uma comida gostosa me deixou por instantes pensativa.
Na verdade é quase um exercício repetitivo, em quase todos os momentos eu deixo de pensar em mim para pensar no que vai pelo mundo; não que eu seja assim tão desprendida ou generosa. Sou tão egoísta e centrada no meu umbigo quanto a maioria, porém estou tentado mudar, gastando algum tempo para reflexão tentando me desligar dos fios invisíveis que me prendem aos bens materiais, as pessoas ( também!) para que na hora certa eu possa seguir sem me preocupar com o que deixei pra trás.
Mas, é muito mais do que isso, perder o que se conseguiu até com sacrificio para alguma circunstância é quase certo, mais importante que desapegar de um móvel, um quadro, um aparelho qualquer é aprender que só se abre oportunidade para que coisas novas entrem nas nossas casas e vidas quando aprendemos que elas são transitórias e estão emprestadas a nós temporariamente.
Quando eu abro mão de algum objeto sem ficar me lamentando, estou na verdade abrindo espaço para que outro melhor e mais novo entre no seu lugar, ao passo que; quanto mais me apego e protejo meus pertences, mais eu me torno egoísta e quanto mais eu me preocupo em ser roubada ou perder esses objetos, mais eu estou dizendo ao universo que eu quero perdê-la inexorávelmente.
Eu me torno avarenta e meu medo me faz uma vítima em potencial. O que ocorre é que ao invés de eu deixar livre meus objetos e querências para que o universo se incumba de trocá-lo por outros mais novos e eficientes, eu os seguro firme e não permito que as leis assim se cumpram porque quando eu impeço que as energias circulem de forma adequada eu quebro a lei e abro brechas para que o oportunismo aja contra mim.
Nada que eu tenho no momento é meu e não vão ficar para sempre comigo; tudo quanto tenho está me servindo nesse momento. Não serei escrava de nenhum objeto que me impeça de seguir meu caminho ou de abrir espaço para que a troca seja feita.
E pensando dessa maneira eu ajusto meus ponteiros com o universo; da mesma forma que eu aceito as leis regentes eu entro em sintonia com ele. Quando eu conseguir estabelecer um padrão de energia afinada que vibre na mesma energia cósmica; minha troca com o Cosmo será descomplicada porque no dia que eu atingir essa meta, terei a consciência de que sou imortal e que tudo que vejo em 3D hoje, são meras ilusões, portanto nada se perde e nada se ganha. O que nós, enquanto seres viventes dessa dimensão precisamos são muletas que enganam o Ego, aparências para que outros egos vejam que possuimos ou pensamos ter.
Portanto, tudo que eu preciso é entender o meu próprio ser e deixar que ele busque suas necessidades além das quinquilharias que se quebram ou se perdem nessa dimensão. Preciso dos aparatos para viver aqui, mas não vou me encarcerar para sempre numa dimensão limitada.
Mais importante que aprender a ser gente é aprender a ser imortal. Não como gente, como espírito porque a carne também é uma muleta para essa dimensão.